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Associação europeia de pilotos alerta para "níveis perigosos" de fadiga da tripulação

13 de julho de 2022 às 13:26

"Horários de voo irrealistas, com muito pouca margem de manobra, pressionam a tripulação a trabalhar mais horas e mais dias", alerta presidente da associação, em comunicado.

A Associação Europeia do Cockpit alertou hoje para "níveis perigosamente crescentes" de fadiga da tripulação devido ao "caos das viagens" aéreas nos aeroportos europeus este verão, pela falta de pessoal e retoma inesperada do setor, pedindo orientações comunitárias.

"É frustrante ver que, apesar dos enormes esforços dos trabalhadores da aviação para limitar o impacto da perturbação nos nossos passageiros, as viagens aéreas deste verão vêm com múltiplos atrasos, cancelamentos, longas filas nos postos de controlo de segurança e montanhas de bagagem não processada [...] e tudo isto tem um preço: níveis perigosamente crescentes de fadiga da tripulação aérea", alerta o presidente da Associação Europeia do Cockpit (ECA, na sigla inglesa), Otjan de Bruijn, em comunicado.

O responsável exemplifica que, "por vezes, horários de voo irrealistas, com muito pouca margem de manobra, pressionam a tripulação a trabalhar mais horas e mais dias, isto num ambiente operacional cheio de acontecimentos imprevistos durante todo o dia".

Dias depois de a ECA ter pedido à Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) para emitir orientações sobre como as companhias aéreas e os aeroportos podem gerir com segurança o caos do verão, a entidade representativa de milhares de pilotos europeus reitera este pedido, questionando ainda como é que estes profissionais podem prevenir a fadiga e lidar como as pressões para operar.

"O caos das viagens de verão desafia tanto os passageiros como a tripulação aérea", argumenta a associação.

Também citado pela nota, o secretário-geral da ECA, Philip von Schöppenthau, destaca que "a fadiga da tripulação aérea é uma das maiores ameaças à segurança aérea, causando tempos de reação mais lentos, menor concentração e impedindo a tomada de decisões".

"Nós sabemos isto, as companhias aéreas sabem isto, a EASA sabe isto", vinca, adiantando ser "tempo de aliviar a pressão sobre a tripulação agora".

A covid-19 causou uma contração histórica na indústria aeronáutica europeia, que está agora a recuperar apesar do impacto da guerra da Ucrânia na procura.

Depois de as companhias aéreas e os aeroportos terem dispensado milhares de trabalhadores devido à pandemia, a retoma inesperada este verão tem gerado um pouco por toda a Europa situações como tempos de espera acima do normal, cancelamentos e adiamentos de voos, problemas na manutenção, entre outros.

Segundo a ECA, são por isso necessárias orientações uniformizadas ao nível europeu, a serem publicadas pela EASA, para responder a vários problemas diários, que incluem ainda problemas operacionais, condições meteorológicas adversas, capacidade limitada de equipamento, falta de limpeza dos aviões, falta de camiões de combustível ou escadas, entre outros distúrbios.

A estimativa da associação europeia é que cerca de 18 mil pilotos europeus, quase um terço do total, perderam o seu emprego ou foram colocados em 'lay off' durante a crise da covid-19.

Aos que estão a trabalhar, é agora pedido que voem mais, mas também que voem em termos e condições reduzidos, denuncia a associação.

Criada em 1991, a ECA representa mais de 40.000 pilotos de toda a Europa, abrangendo associações nacionais de 33 países europeus.

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