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Afeganistão: Europa está hoje mais preparada para evitar crise migratória

31 de agosto de 2021 às 19:52

"Temos uma experiência comum e temos esta prioridade atribuída a esta relação com países vizinhos ou próximos do Afeganistão, esta prioridade à dimensão externa", disse Eduardo Cabrita, no final de uma reunião dos ministros do Interior da UE sobre o Afeganistão.

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, defendeu esta terça-feira que a União Europeia (UE) está "mais preparada" para evitar eventuais crises migratórias em situações como do Afeganistão, dado focar-se na dimensão humanitária, mas também na segurança da região.

"A Europa hoje está manifestamente mais preparada. Temos uma experiência comum e temos esta prioridade atribuída a esta relação com países vizinhos ou próximos do Afeganistão, esta prioridade à dimensão externa", disse o governante, falando à imprensa portuguesa em Bruxelas no final de uma reunião dos ministros do Interior da UE sobre o Afeganistão.

Segundo Eduardo Cabrita, "o que resulta da reunião de hoje é que a prioridade dada a uma atuação solidária na dimensão é condição para se prevenir uma situação futura de crise de segurança ou de crise migratória" no espaço comunitário.

Em causa está a crise migratória de 2015, uma crítica situação humanitária vivida pelas centenas de milhares de refugiados chegados nessa altura à UE e oriundos maioritariamente de África e Médio Oriente.

No encontro de hoje, ficou então assente que a UE "deve ter como prioridades áreas como a diretiva Eurodac [sistema europeu de comparação de impressões digitais dos requerentes de asilo], que agora se revela ainda mais essencial, num quadro de garantir a defesa dos direitos humanos, mas também elevados padrões de segurança relativamente àqueles que pretendemos proteger e nos termos do debate sobre reinstalação que poderemos vir a acolher" no espaço europeu, adiantou o responsável pela tutela.

Isso mesmo está na declaração aprovada, de acordo com Eduardo Cabrita, que falou em "visões europeias que não são inteiramente coincidentes [entre os 27 Estados-membros], mas que refletem a prioridade dada pela UE [...] à dimensão humanitária como única forma de prevenir aquilo que pode ser um futuro risco de segurança para a Europa e para os cidadãos europeus".

Para setembro, ficou agendado um fórum de alto nível sobre reinstalação de cidadãos afegãos, no qual "Portugal irá participar" e se discutirão recursos adicionais para os países receberem estas pessoas, anunciou o ministro.

A reunião dos ministros do Interior da UE aconteceu num "dia significativo" em que termina oficialmente a presença norte-americana de 20 anos em Cabul "e, por isso, é tão importante começarmos a olhar para aquilo que é a dimensão europeia de coordenação política", adiantou Eduardo Cabrita.

Depois de uma videoconferência extraordinária realizada em 18 de agosto, três dias após os talibãs terem ocupado Cabul, os ministros responsáveis pelos Assuntos Internos dos 27 voltaram hoje a reunir-se para discutir a situação no Afeganistão, desta feita presencialmente, no dia que marca o fim do prazo para a retirada norte-americana do país e quando todos os restantes aliados já concluíram as operações de evacuação.

Nestas declarações à imprensa, Eduardo Cabrita assinalou ainda que a presidência portuguesa da UE teve as suas "prioridades corretas" no primeiro semestre deste ano ao apostar na dimensão externa e na criação da agência europeia de asilo, com o Conselho e o Parlamento Europeu a terem chegado a acordo sobre este organismo (que vai transformar o atual Gabinete Europeu de Apoio em matéria de Asilo) em meados de junho.

Segundo os últimos números, cerca de 114.000 pessoas foram retiradas de Cabul, desde a tomada da cidade pelos talibãs, em cerca de 2.900 em voos militares ou da coligação internacional.

Os talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO, que se encontravam no país de 2001, na sequência do combate à Al-Qaida após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

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