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Julgamento de Hunter Biden: "As evidências são esmagadoras"

Luana Augusto 05 de junho de 2024 às 12:08

Filho de Joe Biden começou a ser julgado por posse ilegal de arma e por mentir sobre consumo de drogas ilícitas. Esta quarta-feira, a ex-mulher será chamada a testemunhar.

Hunter Biden esteve na passada terça-feira, 4 de junho, no tribunal federal de Delaware, nos Estados Unidos. O filho do presidente norte-americano, Joe Biden, é acusado de mentir num formulário sobre o uso de drogas ilícitas eenfrenta ainda acusações relacionadas com a posse ilegal de arma, durante 11 dias, que terá sido comprada a 12 de outubro de 2018, Wilmington, Delaware.

REUTERS/Kevin Lamarque

Durante o julgamento, a procuradoria mostrou aos jurados mensagens, nas quais Hunter Biden, de 54 anos, organizava negócios de drogas e discutia o consumo decrack, poucos dias depois de ter comprado o revólver. Além disso, foram também reproduzidos excertos da sua autobiografia, onde descreve o seu instinto de "cão de caça" para encontrar este tipo de drogas.

Na terça-feira, o advogado de defesa, Abbe Lowel, disse aos jurados, numa declaração inicial, que ninguém pode contestar o facto de Hunter Biden ter sido viciado em drogas. Além disso, acrescentou que o formulário de compra de armas perguntava apenas se o acusado era viciado, e não se já havia consumido drogas no passado, afirmando assim que o seu cliente não tinha "intenção de enganar" ninguém.

Contudo, o procurador Derek Hines considerou que "as evidências são esmagadoras" e que "o vício não é crime, [mas] mentir é".

Durante o julgamento, onde muito se expôs a luta de Hunter Biden contra o vício em drogas e álcool, o acusado declarou-se inocente das três acusações criminais que enfrenta, e numa audiência, que ocorreu no ano passado, já havia até referido que estaria sóbrio desde meados de 2019.

A agente do FBI Erika Jensen foi a primeira testemunha de acusação a ser chamada, tendo testemunhado acerca de mensagens e registos bancários que mostram que Hunter fez levantamento quase diários de 151 mil dólares (€138 mil), e sobre escritos que mencionavam o uso de drogas.

O testemunho incluía uma mensagem do dia seguinte à compra da arma, na qual o acusado dizia estar "à espera de um traficante chamado Mookie", e outra onde afirmava estar a dormir em cima de um carro e a fumarcrack.

O interrogatório terá continuação ao longo desta quarta-feira. Sabe-se que os procuradores irão chamar também a testemunhar a ex-mulher de Hunter, Kathleen Buhle, que o acusou no processo de divórcio de 2017 de desperdiçar dinheiro em drogas, álcool e prostitutas. Hallie Biden, viúva do irmão de Hunter que morreu em 2015 de cancro, também deverá prestar depoimento.

O procurador especial dos EUA, David Weiss, nomeado por Trump, foi quem abriu o processo contra Hunter Biden, e esteve, por isso, também presente em tribunal. David apresentou ainda separadamente acusações fiscais federais contra o filho de Joe Biden, na Califórnia.

Agora, se Hunter for condenado por todas as acusações pode ter que enfrentar uma pena de prisão de até 25 anos, embora os réus recebam por norma uma pena mais curta, de acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Esta é a primeira vez que o filho de um presidente dos EUA em exercício vai a julgamento.

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