A UGT aconselhou o executivo a "parar, escutar e reflitir", para ver "até onde podemos ir" e, assim, retirando a proposta de alteração laboral, poder levar à desistência da greve geral.
O secretário-geral da UGT explicou que a central sindical avançou para a greve por ter sido encostada à parede pelo Governo, que aconselhou a refletir, e admitiu avançar para "dois dias de greve" se o executivo apresentar proposta igual.
Mário Mourão (UGT) considera greve face a proposta do GovernoMANUEL DE ALMEIDA/LUSA
"A melhor coisa que poderia acontecer para a UGT não avançar para a greve é que todos refletíssemos, se não era o momento, agora, de parar", afirmou Mário Mourão, em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios.
Pegando no sinal de "pare, escute e olhe", o dirigente da União Geral de Trabalhadores aconselhou o executivo a "parar, escutar e reflitir", para ver "até onde podemos ir" de "parte a parte" e, assim, retirando a proposta de alteração laboral, poder levar à desistência da greve geral marcada para 11 de dezembro, primeiro pela CGTP-In, a que se juntou depois a UGT.
Questionado sobre o que será preciso acontecer nas reuniões marcadas para 19 de novembro e 10 de dezembro para a greve não acontecer, Mourão foi taxativo que, se o executivo apresentar "uma folha" igual à entregue recentemente, não haverá outra alternativa: "Se calhar o que nós temos que pensar é marcar dois dias de greve, em vez de ser só um".
"Nós, em cinco meses, não conseguimos produzir um documento que contemplasse as várias propostas. Acha que num mês, menos de um mês, nós vamos conseguir isso? Eu tenho muitas dúvidas", questionou e deu a resposta, o sindicalista.
Mário Mourão disse que, na anterior reunião da Concertação Social, percebeu que o Governo se preparava para levar a proposta, tal como estava, para a Assembleia da República, a não ser que a UGT se comprometesse a fazer um acordo.
"O Governo encostou a UGT à parede", considerou o secretário-geral da central sindical, que, ao ser confrontado com essa perspetiva, decidiu que estava na altura de avançar para a rua, esperando uma grande adesão à greve.
Segundo Mourão, a postura do Governo está a criar bloqueios na negociação da contratação coletiva, dando como exemplo a EDP que, para a denúncia de um acordo, numa reunião de negociação, invocou já como fundamento o anteprojeto do Governo, como se fosse algo já assumido como uma lei.
O dirigente sindical lamentou que, ao contrário daquilo que o Governo disse quando começaram a negociar, tenha definido linhas vermelhas, e considerou que, se a negociação tivesse sido feita diretamente entre patrões e sindicatos, provavelmente teriam chegado a acordos bilaterais.
"O Governo deve ser um árbitro aqui na Concertação [Social], como é na OIT [Organização Internacional do Trabalho]", advogou, admitindo, no entanto, não ser possível isso acontecer, pois o executivo assume-se como "um parceiro e, portanto, tem os seus interesses" nesta proposta.
Para Mário Mourão, a atitude do Governo vai criar divisões na Concertação Social que deixarão marcas para o futuro, garantindo que a UGT, que sempre se mostrou disponível para o diálogo, irá proceder de forma diferente.
O responsável sindical qualificou a proposta entregue na reunião de terça-feira pelo Governo como "inócua" e disse que algumas alterações, como as referentes ao 'outsourcing', até são piores do que aquelas que estavam no documento inicial.
"Não é o suficiente para que a UGT acredite que já há o ambiente negocial e de diálogo que a UGT pretende à mesa de negociações", afirmou Mourão, apontando como uma das linhas vermelhas da central sindical o Banco de Horas individual.
A greve geral foi anunciada no dia 08 pelo secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, no final da marcha nacional contra o pacote laboral, que levou milhares de trabalhadores a descer a Avenida da Liberdade, em Lisboa, em protesto contra as alterações propostas pelo Governo de Luís Montenegro.
Na quinta-feira, a UGT aprovou por unanimidade a decisão de avançar em convergência com a CGTP, incluindo, assim, o voto favorável dos Trabalhadores Social-Democratas (TSD).
Esta será a primeira paralisação a juntar as duas centrais sindicais, desde junho de 2013, altura em que Portugal estava sob intervenção da 'troika'.
UGT admite responder à ausência de mudanças do Governo com "dois dias de greve"
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