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"Traição", a palavra dita pelas ONG no encerramento alternativo da COP25

14 de dezembro de 2019 às 18:32
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O objetivo da cerimónia foi fazer um contraponto entre aquilo que é "o desentendimento e a incapacidade de decisão" que demonstram os países na cimeira, explica Zero.

Dezenas de organizações da sociedade civil fizeram na tarde de hoje na cimeira sobre oclimaque decorre em Madrid (COP25) um "encerramento alternativo" do fórum, no qual a palavra "traição" foi muito ouvida.

Francisco Ferreira, da organização ambientalista portuguesaZero, que esteve no "encerramento", explicou à Lusa que no essencial as organizações não-governamentais foram dizer que as negociações na cimeira "estão a trair aquilo que a sociedade tem vindo a pedir insistentemente" que é mais ambição na luta contra as alterações climáticas.

O objetivo da cerimónia, explicou, foi fazer um contraponto entre aquilo que é "o desentendimento e a incapacidade de decisão" que demonstram os países na cimeira, e aquilo que "une a sociedade civil e que através de mobilizações à escala global tem vindo a ser pedido para ser feito, e que não está a ser feito".

O que não está a ser feito, e que as organizações queriam que saísse do encontro de Madrid, é nomeadamente mais ambição na mitigação dos efeitos das alterações climáticas, urgência na redução dos gases com efeito de estufa, mais financiamento, que não haja um mercado de carbono global que estrague os objetivos de redução das emissões, a preservação da biodiversidade, a ciência como fundamento de toda a ação climática, ouvir as pessoas e apoiar os mais vulneráveis.

Questões para as quais as organizações esperavam respostas e que até hoje, ainda que já tenha passado mais um dia do que o previsto, a cimeira não resolveu. Nas palavras de Francisco Ferreira as organizações presentes, de representantes de povos indígenas a organizações ambientalistas, de mulheres e de jovens, apresentaram elas mesmo as decisões que deviam sair da cimeira.

Para já as negociações continuam, estando agora prevista uma sessão plenária para as 20:00 (menos uma hora em Portugal continental). Francisco Ferreira, nas declarações à Lusa, admitiu que ela seja de novo adiada (esteve marcada para as 14:00 inicialmente).

Na tarde de hoje a presidência chilena da cimeira mostrava otimismo quanto à aprovação de um texto consensual e que espelhasse "mais ambição" no combate às alterações climáticas, uma exigência de vários países.

Depois de duas semanas de reuniões, e 24 horas após aquele que seria o dia final da cimeira, a verdade é que ainda não há entendimento. E as organizações da sociedade civil não estão tão otimistas.

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