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Sindicato dos médicos questiona viabilidade de hospitais de Portalegre e Elvas

02 de janeiro de 2019 às 16:53
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Perante a falta de médicos para várias especialidades, a ULSNA justifica que "tem de se socorrer" através da contratação de prestação de serviços.

O Sindicato Independente dos Médicos considerou esta quarta-feira que os hospitais de Portalegre e Elvas não são "viáveis", sustentando que em 2018 efetuaram concursos para aquisição externa de serviços médicos num valor superior a 5,6 milhões de euros.

"Dois hospitais que, para funcionar, precisam de mais de cinco milhões de euros por ano em contratação externa de serviços médicos não são hospitais viáveis. Esta verba daria para contratar 118 médicos especialistas das várias especialidades, integrados na carreira médica", lê-se num comunicado enviado à agência Lusa pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

Contactada pela Lusa, a administração Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), que tutela os dois hospitais, não quis comentar a denúncia do SIM, tendo optado por emitir um comunicado em que explica que tem "aberto regularmente" concursos para a contratação de médicos, mas os mesmos têm tido uma "alta percentagem" de não adesão.

Perante a falta de médicos para várias especialidades, a ULSNA justifica que "tem de se socorrer" através da contratação de prestação de serviços.

À margem desta situação, o porta-voz da ULSNA, Ilídio Pinto Cardoso, disse à Lusa que decorreu hoje a cerimónia de boas-vindas a "15 novos médicos internos", nomeadamente cinco para formação específica, nas especialidades de psiquiatria, medicina interna, cirurgia geral e medicina geral e familiar, e 11 para formação geral (primeiro ano comum).

No comunicado, o SIM lamenta ainda que a ULSNA opte pelo recurso a prestadores de serviços "alocando" as verbas (mais de cinco milhões de euros) no centro de custo de aprovisionamento.

"Ou seja, opta por esbanjar o orçamento em empresas de serviços médicos ao mesmo tempo que oculta os custos num centro de custos de aprovisionamento. O Governo, os conselhos de administração e os responsáveis da Administração Regional de Saúde preferem assim gastar quantias exorbitantes para a contratação de empresas de prestadores de serviços na tentativa de colmatarem as falhas por eles criadas e de enganarem a população que tanto tem sido desprezada", lê-se no documento.

O SIM considera que a "progressiva destruição" dos serviços médicos é "preocupante", acrescentando que o envelhecimento dos médicos e a "não aplicação de incentivos" à fixação destes profissionais de saúde têm proporcionado uma "contínua saída" dos médicos para os grandes centros e para a reforma.

"Porque não abre concursos, porque pretende o Governo manter a contabilidade criativa e não investir nos recursos humanos e fazê-lo nas empresas", questiona.

O SIM exige ainda a abertura de concursos, prometendo também continuar a "lutar" pela melhoria das condições de trabalho dos médicos para que a população do Alentejo "possa ter cuidados de saúde de qualidade recusando o estatuto de portugueses de segunda".

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