As situações mais habituais identificadas pelo projecto "+ Contigo" relacionam-se com a crise económica e desemprego dos pais
O projecto "+ Contigo", de prevenção de comportamentos suicidários e combate ao estigma da saúde mental nas escolas, já identificou adolescentes em sofrimento mental, tendo reencaminhado dezenas de alunos para um acompanhamento mais especializado.
Criado em 2009, o projecto "+ Contigo" tem sido gradualmente aplicado nas escolas, tendo chegado já a cerca de sete mil estudantes do 3.º ciclo e do ensino secundário.
Nas escolas, ao longo do ano lectivo, os alunos têm sessões sobre temas tão variados como o estigma em saúde mental, a adolescência, estratégias de resolução de problemas e de melhoria da auto-estima ou a sintomatologia depressiva.
Alguns alunos conseguem resolver os seus problemas com a ajuda das equipas presentes nas escolas, mas existem casos mais complicados que exigem o reencaminhamento para consultas personalizadas no exterior.
"Em média, um por cento dos alunos com quem trabalhamos é encaminhado para ter acompanhamento posterior, mais especializado", contou à Lusa o coordenador do projecto José Carlos Santos, explicando que a solução pode passar por consultas nos centros de saúde ou de pedopsiquiatria.
O projeto, que já envolveu cerca de sete mil alunos, terá detectado e reencaminhado cerca de 70 adolescentes em sofrimento mental.
Sem este programa, "a intervenção tornar-se-ia mais difícil e as consequências mais graves", alertou o coordenador e professor na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.
As situações mais habituais estão relacionadas com a crise económica e desemprego dos pais, disse José Carlos Santos, lembrando que o objectivo do "+ Contigo" é que os adolescentes não adoeçam do ponto de vista mental.
Os resultados do trabalho desenvolvido pelas equipas -- compostas por profissionais de saúde das escolas e dos centros de saúde e ainda professores e auxiliares educativos -- são animadores: "Todos os anos, tem sido um aspecto comum, temos melhorado a sintomatologia depressiva", explicou, fazendo uma comparação entre o estado dos alunos no início e no final do programa.
Desde 2011, quando começou a ser feito um acompanhamento sistemático dos problemas vivenciados pelos jovens, os pedidos de ajuda aumentaram, eventualmente porque aumentou também a sensibilização para a problemática.
O número de alunos envolvidos também cresceu: "No total já foram abrangidos pelo projecto cerca de sete mil jovens, sendo que só no ano passado foram 3.500", sublinhou o coordenador, lembrando que este aumento foi possível graças ao apoio da Direcção-Geral de Saúde (DGS).
As candidaturas para o actual ano lectivo ainda estão a decorrer, mas deverão abranger mais escolas e mais alunos, já que vai começar a funcionar também nas zonas do Algarve e Alentejo e será reforçado no Norte e em Lisboa e Vale do Tejo.
Nas escolas, o maior problema parece ser a "escassez de profissionais de saúde mental", lamentou o coordenador, explicando que os especialistas que existem são, na sua maioria, psicólogos de orientação vocacional e não psicólogos clínicos.
Por outro lado, os funcionários das escolas (assistentes operacionais) surgem como uma mais-valia muito importante, porque estão nos recreios e estão, por isso, aptos a detectar sinais de risco.
Programa nas escolas detecta adolescentes em sofrimento mental
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