NEWSLETTER EXCLUSIVA PARA ASSINANTES Para que não lhe escape nada, todos os meses o Diretor da SÁBADO faz um resumo sobre o que de melhor aconteceu no mês anterior.
NEWSLETTER EXCLUSIVA PARA ASSINANTES Para que não lhe escape nada, todos os meses o Diretor da SÁBADO faz um resumo sobre o que de melhor aconteceu no mês anterior.
O candidato presidencial do PCP comprometeu-se a utilizar todas as competências que a Constituição atribui ao Presidente da República para combater o "perigoso" descrédito dos cidadãos na Justiça.
O candidato presidencial do PCP, João Ferreira, comprometeu-se hoje a utilizar todas as competências que a Constituição atribui ao Presidente da República para combater o "perigoso" descrédito dos cidadãos na Justiça, à sombra do qual "tendem a florescer populismos".
João Ferreira participou numa sessão sobre questões da Justiça, onde ouviu as queixas de advogados e tirou apontamentos sobre os temas que foram considerados os principais problemas do sistema: as dificuldades do acesso à Justiça por todos os cidadãos, a insuficiência de meios e a consequente morosidade dos procedimentos e a degradação do estatuto social e profissional de milhares de advogados, principalmente em início de carreira, agravada pela pandemia.
"O acesso à Justiça é um direito de todos os cidadãos, consagrado constitucionalmente, e que está hoje em causa. São muitos os cidadãos que não conseguem aceder à Justiça, porque não têm condições económicas e porque o Estado tem falhas no patrocínio desse direito nas situações em que os cidadãos não tem condições económicas para o fazer", destacou o candidato.
João Ferreira ouviu queixas de insuficiência de meios humanos e de equipamentos nos tribunais, o que origina "situações de enorme morosidade na justiça, e as dificuldades de combate a determinados tipos de crimes".
"Nomeadamente o crime económico e o que isso contribui para um sentimento de descrença, descredibilização perante os cidadãos em geral no sistema de Justiça, que é muito perigoso, porque, à sombra desse descontentamento dos cidadãos perante o sistema de justiça, sentimento de que nem sempre ela funciona ou que funciona de uma forma muito lenta, tendem a florescer conceções demagógicas, populistas", sublinhou.
Entre estas conceções demagógicas e populistas, o candidato destacou, a partir das contribuições da plateia, "a defesa da delação premiada, ou seja, a ideia de importar para o direito português mecanismos que lhe são estranhos e que são estranhos também à própria Constituição da República e ao leque de garantias que ela estabelece como indissociáveis do Estado de direito".
Para ajudar a credibilizar a Justiça, caso seja presidente, João Ferreira comprometeu-se a contribuir para a resolução desta situação de descrédito, "no respeito escrupuloso do que são os poderes que a Constituição permite ao Presidente da República, não extravasando esses poderes, mas não deixando de os utilizar a todos por inteiro".
"O Presidente da República pode e deve dar um contributo também para chamar a atenção para estes problemas e para os resolver. Deve ter presente na sua atenção, na sua sensibilidade, na sua intervenção, que sem Justiça não há democracia e que a justiça não pode ser o parente pobre da democracia, como aqui foi dito", afirmou.
Que a justiça é o parente pobre da democracia foi uma consideração lançada no debate por João Correia, advogado e antigo secretário de Estado da Justiça (2009-2010).
Para João Correia, a Justiça desde o pós-25 de Abril é caracterizada por "ingredientes autoritários, opacos, caros e irresponsáveis, não no sentido da decisão, mas no sentido do comportamento, do modo como age perante os cidadãos".
Nesse sentido considerou que o Presidente da República pode, dentro da Constituição, "influenciar junto do Governo, da Assembleia da República, e é absolutamente essencial que tenha uma magistratura de influência" que apazigue a situação na justiça.
"Há algo que deve ser feito, que é auditar a Justiça. Quem é que audita a Justiça? Ninguém", defendeu, considerando que isto poderia ser feito no âmbito da Assembleia da República e que "é fundamental que isto aconteça".
Entre os diversos contributos estão também críticas à morosidade dos processos sobretudo nos tribunais do trabalho e em processos administrativos e do direito fiscal.
Nos últimos meses, a situação de pandemia acentuou a precariedade dos advogados, principalmente dos mais jovens, que tiveram uma perda de rendimentos acentuada, apesar de ter sido mantida a obrigação de desconto de 251,38 euros para a Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores.
"Milhares de advogados não estão a conseguir pagar as suas contribuições indexadas a rendimentos presumidos em vez de ser a rendimentos reais. Esses milhares de advogados não têm uma proteção social completa", alertou a advogada Ana Luísa Lourenço, apoiante do candidato comunista, destacando que estes cidadãos não têm proteção na doença, paternidade ou desemprego.
As eleições presidenciais realizam-se a 24 de janeiro.
Presidenciais. João Ferreira compromete-se a combater descrédito na Justiça
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
"O afundamento deles não começou no Canal; começou quando deixaram as suas casas. Talvez até tenha começado no dia em que se lhes meteu na cabeça a ideia de que tudo seria melhor noutro lugar, quando começaram a querer supermercados e abonos de família".