Opositores de Mariana Mortágua querem partido mais próximo dos trabalhadores e garantem que a dissonância é anterior às últimas polémicas com os despedimentos revelados pela SÁBADO, investigados pelo Ministério Público.
As eleições para a liderança do Bloco de Esquerda (BE) podem acontecer só dentro de meses, mas a oposição já se organiza - e garante que não é devido às últimas polémicas. Se Mariana Mortágua encabeça a moção de orientação A, pela continuidade, Adelino Fortunato descreve um "Novo rumo" na moção S.
LUSA_EPA/ UC
"Há cerca de um ano e meio, as discordâncias políticas com a maioria do partido aumentaram bastante e uma parte das pessoas começou a afastar-se da orientação do partido", relata Adelino Fortunato à SÁBADO. É o primeiro signatário da moção assinada por cerca de 40 militantes, alguns dos quais antigos apoiantes de Mortágua, como Alexandra Vieira, Helena Figueiredo e José Manuel Boavida.
A liderança do partido decide-se na Convenção Nacional marcada para 31 de maio e 1 de junho em Lisboa.
"Queremos um BE mais combativo, mais ligado às lutas, nomeadamente a laboral, com mais clareza das políticas, maior participação e melhor democracia interna", explica o bloquista, que lamenta "muitas das opções estratégicas e táticas" adotadas nos últimos anos, especialmente ligadas à "forma como o partido se relaciona com os movimentos sociais".
Isto porque, tal como é referido na moção, o BE tem assumido "um modelo de ‘movimento de movimentos’ ou de ‘federação de ONG’, focado em direitos humanos e sociais, indistinto de organizações social-democratas como o PS e o Livre". Para contrariar isso, Adelino Fortunato acredita que é necessária a "intervenção no movimento dos trabalhadores, que continua a ser central para estruturar uma alternativa que seja transformadora a longo prazo", evitando "o risco de o partido perder a sua orientação política". "Na prática, a participação no movimento sindical tem estado muito aquém do necessário, ficando o campo aberto para estratégias sectárias do PCP", refere o documento.
O líder da moção S considera que "o problema é sobretudo uma questão de liderança política", não por não acreditarem que o partido se deve manter próximo dos movimentos sociais, mas por considerarem que isso deve ser feito "em articulação com os movimentos dos trabalhadores e uma liderança forte", de forma a evitar uma "intervenção dispersa".
A moção S lamenta a falta de autocrítica às consequências das eleições de 2015 e da consequente "geringonça": "Os tempos de maior proximidade ao poder ampliaram a capacidade real de influenciar os acontecimentos", indica. Em 2019, ficou claro que "estava iniciada uma espiral descendente", deixando o partido "com a imagem de ‘partido do sistema’" e a roçar a "irrelevância política".
Os críticos foram Elisa Antunes, Gabriela Mota Vieira, Pedro Soares e Ricardo Salabert, que ficam agora de fora da liderança do partido nem se vão candidatar nas próximas eleições. "Exigia-se coragem política e humildade. Afinal, o secretariado considera-se inimputável e demonstra não querer mudar", acusaram estes militantes numa nota enviada à comunicação social. Criticam ainda a moção de Mariana Mortágua, por não ter "um pingo de reconhecimento de erros, não tira lições dos insucessos eleitorais, da perda de militância nem da degradação da democracia interna".
O Ministério Público já abriu um inquérito criminal aos despedimentos, sendo que o procurador-geral da República mencionou estarem em causa "indícios de falsificação".
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