Sábado – Pense por si

Sócrates desmente motorista que disse que o levou a jantar a casa de Ricardo Salgado

Sócrates diz que irá fazer um esforço para conter o seu tom de voz, reconhecendo que tem uma "personalidade impulsiva".

À entrada do tribunal esta quarta-feira, José Sócrates apelou ao Ministério Público para que na sessão de hoje apresente "uma prova que seja" dos crimes de que o acusa há 12 anos.

Sócrates diz que irá fazer um esforço para conter o seu tom de voz, para que não crie distorção nos microfones do tribunal nos momentos em que se exalta, como aconteceu repetidamente vezes na sessão desta terça-feira.

ANTONIO COTRIM/LUSA
Ao Minuto Atualizado 09 jul 2025
09 jul 2025 09 de julho de 2025 às 16:50

Sócrates volta a atacar estratégia do MP

À saída do tribunal, José Sócrates voltou a atacar o Ministério Público (e jornalistas), afirmando que o MP não apresentou "nenhuma prova" até ao momento.

Julgamento retoma esta quinta-feira, dia 10, às 9h30 para a quarta sessão. 

09 jul 2025 09 de julho de 2025 às 16:38

Sessão chegou ao fim

A sessão termina por hoje, depois de José Sócrates ter afirmado estar cansado mais do que uma vez ao longo da sessão. O julgamento retoma esta quinta-feira.

09 jul 2025 09 de julho de 2025 às 15:21

"Não tenho qualquer respeito pelo MP", assume Sócrates

O Ministério Público dirigiu-se à juíza Susana Seca, pelo procurador Rui Real, para que adverta José Sócrates para impedir as conversas cruzadas no tribunal e o "desrespeito" pelos procuradores e pelo Ministério Público.

Após este aparte, Sócrates respondeu: "Se o senhor procurador acha que e dirigi ao MP em termos desrespeitosos tem toda a razão". "Depois de o que aconteceu esta manhã não tenho qualquer respeito pelo Ministério Público", referindo-se à reprodução de escutas de teor privado durante a manhã.

09 jul 2025 09 de julho de 2025 às 14:59

Sócrates desmente ter estado em casa de Ricardo Salgado até à 01h, desmentindo o motorista. "Estive noutra casa"

A sessão da tarde arrancou pelas 14h30, com o MP a pedir a audição de uma escuta entre José Sócrates e José Maria Ricciardi, a 28 de dezembro de 2011. "Queria muito que soubessem que pensei em vós", refere o antigo primeiro-ministro, endereçando cumprimentos a Ricciardi e Ricardo Salgado.

"Referi-me ao Ricardo Salgado como uma pessoa por quem tinha consideração. Uso o termo 'amigo' de forma coloquial no convívio social. O Ricardo Salgado não é meu amigo e não faz parte do meu círculo social", assegura o arguido. "Desde que saí do Governo em junho de 2011 até novembro de 2013, altura em que lhe decidi falar por ter sido constituído arguido, nunca mais falei com ele", acrescentou.

O MP pede então que seja ouvida uma escuta de novembro de 2013 entre José Sócrates e a sua secretária em que esta informa que tem o número direto de Ricardo Salgado. "Quando eu disse que não tinha o número de Ricardo Salgado queria dizer que não tinha [guardado] na minha agenda."

"Há sempre uma certa tendência.. Eu tenho de esclarecer o que é alterado sem boa-fé", diz Sócrates, explicando que tinha um número de telefone para o diretor-geral do BES que tinha sido dado enquanto o arguido era primeiro-ministro e que não tinha sido, alegadamente, utilizado desde que Sócrates saiu do Governo. 

Confirmou depois ter ido uma vez a casa de Ricardo Salgado para entregar o seu livro, sendo depois ouvida uma escuta de João Perna, o motorista de Sócrates à data, relatando ter levado Sócrates a casa de Ricardo Salgado para jantar e que tinha ficado junto da casa do banqueiro entre as 20h e a 01h do dia seguinte. 

Desta chamada fica subentendido que Sócrates jantou em casa de Ricardo Salgado, mas o antigo primeiro-ministro desmente. "O João Perna deixou-me em casa do Ricardo Salgado pelas 21h30 e saí às 22h e depois fui para uma outra casa das 22h até à 01h e não me pergunte de quem era a casa porque não vou dizer", criticou José Sócrates. "Portanto, senhor procurador, não estive entre as 21h30 e a 01h em casa de Ricardo Salgado. Estive noutra casa e o pobre João Perna teve de ficar lá à espera", sublinha Sócrates, acusando o MP de montar um vaudeville em torno desta visita que "podia ter sido resolvido se o MP tivesse perguntado".

09 jul 2025 09 de julho de 2025 às 12:37

Sócrates acusa MP de "ato absolutamente indigno"

À saída do tribunal, José Sócrates considerou "indigna" a atuação do Ministério Público ao ter reproduzido em tribunal uma escuta em que relatava um jantar com Mário Soares e Almeida Santos. "Foi um ato absolutamente indigno" e sugeriu mesmo que o MP retirasse o procurador Rui Real da equipa de procuradores.

09 jul 2025 09 de julho de 2025 às 12:27

Juíza decreta intervalo para almoço

A sessão da manhã chegou ao fim e a juíza informa que retoma às 14h.

09 jul 2025 09 de julho de 2025 às 12:19

MP questiona relação de Sócrates com Henrique Granadeiro

É ouvida agora uma escuta entre José Sócrates e Henrique Granadeiro, sobre os negócios da PT no Brasil, gravada em outubro de 2013.

A conversa telefónica revela um nível de proximidade entre os dois, com José Sócrates a usar alguma linguagem vernacular e o contar de anedotas pessoais, incluindo uma conversa à mesa de jantar entre José Sócrates, António de Almeida Santos e Mário Soares.

A audição desta escuta causou indignação no tribunal, com alguns advogados a criticarem a audição de uma escuta com elementos com pouca relevância para o processo, com o MP a justificar a audição da escuta com o interesse de avaliar o grau de proximidade entre os dois interlocutores.

A defesa de José Sócrates questiona o MP sobre a relevância da audição da escuta. O procurador Rui Real diz que quer provar que José Sócrates é amigo de Henrique Granadeiro.

São ouvidas outras duas escutas, já do verão de 2014, a tentarem combinar um encontro para almoçar. "Temos de falar disto pessoalmente", refere Granadeiro numa chamada telefónica, marcando um encontro para o dia seguinte, sem adiantar o tema que o levava a não querer conversar por telefone.

Depois de reproduzidas as escutas, o MP questiona José Sócrates se mantém a versão de que nunca almoçou com Henrique Granadeiro. Sócrates refuta e diz que sempre afirmou ser amigo de Granadeiro e da ex-mulher do empresário e até os filhos e que essa relação era anterior a ser primeiro-minsitro. Refuta apenas ter almoçado com o antigo líder da PT na data referida.

09 jul 2025 09 de julho de 2025 às 11:45

MP questiona Sócrates sobre empresas a quem "prestou atenções"

Depois de uma curta pausa, o MP pergunta a José Sócrates a que empresas "prestou atenções" e junto de que países e governo.

"Duas ou três empresas foram empresas que trabalhavam com o governo da Venezuela. Várias delas me pediram para intervir junto do governo da Venezuela e foi isso que fiz. A mesma coisa com Angola. Mas se o interesse do MP é saber quais são as empresas, comprometo-me a trazer uma lista com as empresas que me pediram para reunir com entidades governamentais", explicou José Sócrates, sublinhando ainda que teria de perguntar às empresas se o autorizavam a fazer.

Esclarece ainda que o primo e Carlos Santos Silva eram amigos e visita de casa um do outro e que nunca teve conhecimento de uma desavença entre ambos. 

O procurador Rui Real questiona ainda se Sócrates alguma vez sentiu de Lula da Silva a concretização da venda da Oi. "Não, dei conta a Lula da Silva de que íamos usar a golden share para impedir a venda da Vivo, mas nunca falei com ele sobre a Oi". "Já ontem tive a ocasião de explicar que não conhecia ninguém da área das telecomunicações do Brasil."

09 jul 2025 09 de julho de 2025 às 11:18

Sócrates diz que conheceu Barroca num comício em 2009

"Não sabia que o meu primo tinha contas na Suíça", diz Sócrates, referindo que se encontrava com o primo em situações familiares esporadicamente. "A minha família sabe que sou um político e que nunca me interessei por empresas", sublinhou.

Admitiu que o primo José Paulo Pinto de Sousa e Carlos Santos Silva se conheceram graças a si e tinham atividades empresariais em conjunto. "O Carlos Santos Silva nos anos 80 já era um empresário de sucesso na Covilhã. Ele foi dono de uma discoteca famosa. Sendo muito jovem tinha já uma posição empresarial distina", esclarece.

Sócrates diz que esteve poucas vezes com José Paulo Pinto de Sousa enquanto foi primeiro-ministro porque o primo vivia em Angola.

"Nunca tive uma relação de simpatia com Hélder Bataglia. Nunca tive simpatia por ele. Mas explicar o porquê obriga-me a entrar em relações familiares", explica Sócrates, indignado. "Soube mais tarde que Hélder Bataglia e o meu primo tiveram negócios e não gostei que isso tivesse acontecido", acrescentou.

"Conheci Joaquim Barroca numa campanha do PS em 2009, num grande jantar em Leiria", esclarece o antigo governante que diz que se sentou na mesma mesa que o fundador do Grupo Lena. "Não conhecia pessoalmente ninguém da adminsitração da Lena previamente", disse ainda, referindo ter recebido uma vez um postal de boas-festas enviadas pelo grupo enquanto foi ministro do Ambiente. 

Já entre 2011 e 2014, antes de ser detido, "várias empresas me pediram coisas, para falar com personalidades estrangeiras, coisa que sempre fiz por sentir que era o meu dever. A mesma coisa aconteceu com a empresa Lena que tinha interesses na Argélia e em Angola". Acrescenta depois que em nome do Grupo Lena pediu uma audiência ao vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, a pedido de Joaquim Barroca. "Disse a Manuel Vicente que gostava que recebesse esta empresa por ser gente a quem devo atenções", disse.

"Quando usei a expressão 'pessoas a quem devo atenções', como simpatia, e o MP considerou que isto era uma admição de corrupção", criticou.

09 jul 2025 09 de julho de 2025 às 11:00

"Eu não acompanhava a gestão da PT"

Questionado pela juíza sobre Luís Azevedo Coutinho e como este gestor teria sido convidado para integrar a administração da PT por Mário Lino e que José Sócrates o teria convocado para uma reunião, o ex-primeiro-ministro refutou toda essa alegação do MP.

"Eu não acompanhava a gestão da PT, essa competência estava delegada no Ministério das Obras Públicas, era aí que estava a tutela", refere.

"O único contacto que tive com o Brasil foi para informar que íamos chumbar a venda da Vivo. Só isso", disse Sócrates.

Questionado sobre a juíza sobre a posição do presidente do Brasil sobre o negócio, Sócrates diz que tem a certeza que Lula não tinha interesse na venda. "Queria que o presidente do brasil soubesse que estaríamos dispostos a usar a golden share para impedir a venda", assegurou Sócrates.

"Se alguém quisesse que a telefónica queria subir a oferta, não era eu. Eles odiavam-me, achavam que eu tinha agido contra os seus interesses", referiu o arguido.

09 jul 2025 09 de julho de 2025 às 10:35

"Belmiro Azevedo achava sempre que tinha uma solução para o país"

A sessão desta quarta-feira começou com a juíza Susana Seca a perguntar sobre a relação que Sócrates manteve com Zeinal Bava, tendo o ex-primeiro-ministro referido que se encontrou "uma ou duas vezes" em "eventos tecnológicos" com o outro arguido.

Questionado pela juíza sobre se Zeinal Bava integrou a comitiva de uma cimeira luso-brasileira organizada em São Salvador da Bahia, o antigo primeiro-ministro refuta esta tese. "Não, não integrou comitiva nenhuma", referiu Sócrates, afirmando que Bava terá ido em representação da PT.

A juíza passa em revista a acusação e fala num encontro com Belmiro de Azevedo, então presidente da Sonae, onde foi informado da intenção de uma OPA da empresa à PT. Sócrates confirma que Belmiro de Azevedo o abordou sobre o assunto dizendo que tinha "a solução" para a PT. "Sempre que abria a boca, o engenheiro Belmiro de Azevedo achava que tinha uma solução para o país", acrescentou.

Perante isto, José Sócrates confirma ter falado com Mário Lino, à altura ministro das Obras Públicas, que lhe disse que "a posição do Governo seria de neutralidade".

"Quem estabeleceu e interveio na separação de redes, foi a ANACOM, após pressão pública do Governo. A OPA foi aprovada com imposição de medidas por parte do Governo", reitera Sócrates.

09 jul 2025 09 de julho de 2025 às 10:15

"Não posso dizer que uma pergunta é idiota?"

José Sócrates e a juíza Susana Seca encetam diálogo no início do julgamento e a magistrada explica-lhe como vai ser a sessão desta quarta-feira, incluindo o interrogatório por parte do Ministério Público (MP).

"Se eu achar que uma pergunta é idiota não posso dizer que é uma pergunta idiota e que não respondo? Só posso dizer que não respondo",  questionou o antigo primeiro-ministro. "Exatamente", respondeu a juíza, afirmando que isso seria "desrespeito ao tribunal".

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