Os protestos em Portugal visam também repudiar a designação pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dos movimentos antifascistas como grupos terroristas.
Janira, 26 anos, natural da Guiné, foi uma das "mais de mil" pessoas, segundo a organização, que hoje se uniram, no Porto, em manifestações contra a precariedade laboral e contra o racismo.
Em declarações à Lusa, a guineense, a residir em Portugal desde criança, reconheceu que nunca foi vítima de racismo, mas disse não poder ficar "indiferente" ao que se passa.
"O que aconteceu George Floyd, nos EUA, é uma coisa que pode acontecer comigo a todo o momento, porque há uma coisa que temos em comum, que é a cor da pele", disse.
A morte de Floyd, que contava 46 anos, aconteceu depois de um polícia branco norte americano lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de a vítima dizer que não conseguia respirar.
"O que matou John Floyd naquele dia não foi o facto de ele ter tentado passar uma nota falsa, o que o matou foi a cor dele. No dia 25 de maio, em que comemoramos o dia da África, nesse dia África sofreu. 2020 tem sido um ano muito pesado não só pela pandemia, mas por situações claras de racismo, temos estado a sofrer e só queremos os nossos direitos e nada mais", acrescentou a jovem guineense.
Para a Praça da Cordoaria, frente à antiga Cadeia da Relação do Porto, foi marcada, para as 17:00, a marcha "Resgatar o Futuro, não o lucro", para depois seguirem até à Avenida dos Aliados, juntando-se à manifestação contra o racismo e contra o fascismo, organizada por um conjunto de associações.
Joana Cabral, dirigente do SOS Racismo disse à Lusa que as manifestações de hoje, que acontecem também noutras cidades portuguesas, são para protestar contra o que se passou no EUA, mas também "contra o que se passa no Brasil, em Portugal, em Viseu, em Lisboa, na Amadora e no Porto".
"Não podemos esquecer esta história longa que não fez como última vítima George Floyd, vai continuar a fazer muitas outras. Temos de sair da nossa zona de conforto", disse, referindo que as duas manifestações do Porto se uniram porque "reúnem gente que vem lutar por causas que são aparentemente mais particulares, mas que, no fundo, facilmente percebemos que fazem parte da mesma luta".
E acrescentou: "É contra o racismo, contra o capitalismo e contra a precarização do trabalho. É preciso lembrar que uma parte significativa das pessoas precárias e que asseguraram uma parte significativa do trabalho que manteve a sociedade a funcionar durante a quarentena são, em muitos casos, pessoas com pertença a grupos étnico raciais vulneráveis e, muitas vezes, pobres".
Da organização da marcha "Resgatar o futuro", Raquel Azevedo, dirigente dos Precários Inflexíveis, explicou à Lusa que se pretende, sobretudo, "lutar por novas escolhas, direitos mais iguais, exigir um emprego com direitos e assegurar que os mais afetados por esta crise pandémica têm a proteção social que lhes é devida".
"Não queremos novamente ver nas nossas vidas uma segunda crise e, por isso, queremos fazer parte de uma solução que permita o combater o desemprego, a exploração e à precariedade", acrescentou.
Cerca das 17:30, meia hora após o inicio da concentração já eram cerca de 350 manifestantes junto à Cordoaria mas muitos, a grande maioria jovens, ainda estavam a chegar.
No Porto, a manifestação deveria terminar cerca das 19:30, na Avenida dos Aliados, onde, cerca das 19:00, se concentravam "mais de mil pessoas", segundo Raquel Azevedo.
Os protestos em Portugal visam também repudiar a designação pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dos movimentos antifascistas como grupos terroristas.
A campanha mundial de solidariedade prossegue também noutros países com idênticos objetivos, nomeadamente em Londres, Varsóvia, Paris, Melbourne, Tunes, além de Washington e outras cidades dos Estados Unidos.
Desde a divulgação das imagens da morte de Floyd nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.
Mais de 10.000 pessoas foram detidas e o recolher obrigatório foi imposto em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque.
Os quatro polícias envolvidos no incidente foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi detido, acusado de assassínio em segundo grau e de homicídio involuntário. Os três outros agentes foram, entretanto, acusados por cumplicidade. O julgamento começa segunda-feira.
A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.
Mais de mil pessoas nas manifestações contra o racismo e a precariedade laboral no Porto
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