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Greve dos motoristas: trabalhadores vão deixar de cumprir serviços mínimos

14 de agosto de 2019 às 07:22
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"Os motoristas determinaram hoje que não vão sair daqui", garantiu o advogado do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas, Pardal Henriques.

"Os motoristas determinaram hoje que não vão sair daqui". A declaração foi feita ao início da manhã desta quarta-feira pelo advogado do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP),Pedro Pardal Henriques, que garantiu que os trabalhadores não vão cumprir serviços mínimos nem a requisição civil em solidariedade para com os colegas que foram notificados por não terem trabalhado na terça-feira.

"Em solidariedade para com os seus colegas, ninguém vai sair daqui hoje", assegurou em Aveiras de Cima, Lisboa.

"Se é para levar os 11 colegas presos, então vão levar todos. Têm é que arranjar autocarros grandes para levar esta gente toda", disse relativamente ao facto de 11 trabalhadores terem sido notificados pelo crime de desobediência por não terem respeitado arequisição civil.

O advogado defendeu ainda que os motoristas "estão cansados de ser gozados".

"O senhor ministro pode mandar o exército, que reforce o exército para fazer os postos, para manter isto como está, continue a gozar com estas pessoas para que elas não possam reivindicar os seus direitos, mas elas não saem daqui nem saem os que estão no Norte, no Alentejo ou no Algarve. Hoje, ninguém vai sair", disse.

O ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, disse na terça-feira que 14 trabalhadores não cumpriram a requisição civil decretada pelo Governo na greve dos motoristas.

"Foi-nos comunicado [pelas empresas] o não cumprimento da requisição civil por parte de 14 trabalhadores", disse o ministro do Ambiente em conferência de imprensa de balanço do segundo dia da greve dos motoristas, no Ministério do Ambiente, em Lisboa.

O ministro informou também que a 11 desses trabalhadores "já foi feita a devida notificação", referindo que primeiro é feita a "notificação do incumprimento e depois é que há a notificação de estarem a cometer um crime de desobediência".

Em relação aos restantes três trabalhadores, estão ainda "por encontrar e notificar", acrescentou João Pedro Matos Fernandes.

"As pessoas que aqui estão ficaram extremamente chateadas com o anúncio do senhor ministro", disse Pardal Henriques, acrescentando que os motoristas "não são criminosos".

"Estas pessoas não são criminosas, estas pessoas que aqui estão são homens de guerra", afirmou, junto às instalações da Companhia Logística de Combustíveis (CLC).

"O que eles [motoristas] disseram hoje é que se vai um motorista preso, então o senhor ministro tem que trazer grandes autocarros para levar os 800 motoristas do país", referiu.

O ministro do Ambiente adiantou na quarta-feira que dos trabalhadores que não cumpriram a requisição civil "foram formalmente comunicadas à GNR as seguintes falhas: três do distrito de Faro, quatro do distrito de Lisboa e três do distrito de Setúbal".

De acordo com o ministro, "todos alegaram baixa médica" e em declarações à CMTV, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse que "os atestados médicos vão ser naturalmente investigados".

Já à PSP "foram formalizadas quatro queixas, uma no distrito de Setúbal" e "as outras três estão ainda por localizar".

Os motoristas de matérias perigosas e de mercadorias cumprem esta quarta-feira o terceiro dia de uma greve por tempo indeterminado, que levou o Governo a decretar uma requisição civil na segunda-feira à tarde, alegando incumprimento dos serviços mínimos.

Vieira da Silva desafia partes em conflito a negociar

O ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social desafiou os motoristas em greve e aAssociação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias(ANTRAM) a voltarem à mesa de negociações.

"Chegou o momento das partes, provavelmente até teria sido melhor que tivesse chegado mais cedo, assumirem a responsabilidade por encontrar uma alternativa a este conflito e a alternativa tem que ser a negociação", disse Vieira da Silva, em entrevista à SIC Notícias, na terça-feira à noite.

"Aquilo que hoje já podemos verificar é que esta greve tem efeitos prejudiciais, não apenas para os setores em causa, que essa é a função da greve e a greve é um direito constitucional incontestável, mas está a produzir efeitos negativos em zonas críticas da nossa economia e da nossa sociedade", sublinhou.

Vieira da Silva defendeu que o Governo tem mostrado "uma enorme contenção", definiu serviços mínimos e não avançou com uma requisição civil preventiva.

"Não o fez, esperou para ver se as partes se entendiam", sublinhou, acrescentando que "só avançou para a requisição civil quando identificou zonas onde [os serviços minimos] não estavam ser cumpridos".

Portugal está, desde sábado e até às 23:59 de 21 de agosto, em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido a esta paralisação, o que levou à constituição de uma Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA), com 54 postos prioritários e 320 de acesso público.

A greve foi convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias para reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

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