José Carlos Martins, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que promoveu esta greve de dois dias, disse aos jornalistas que as consultas, alguns blocos operatórios e outros serviços programados estão a ser os mais afetados pela paralisação.
Sublinhando que existem hospitais com serviços "totalmente paralisados", José Carlos Martins disse que este nível de adesão espelha bem o descontentamento desta classe que está disposta a novas formas de luta caso o Governo não concretize as reivindicações apresentadas e que estiveram na origem deste protesto.
Adesão em Coimbra
Em Coimbra, a adesão à greve cifrou-se em cerca de 70% a 80%, de acordo com dados preliminares do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
"Os dados que nós temos, da globalidade dos serviços, aponta genericamente para [uma adesão à greve] entre os 70 a 80%", disse aos jornalistas Paulo Anacleto, dirigente do SEP.
Greve no Porto
No Hospital de São João, no Porto, a adesão atingiu os 75%, estado onze das 12 blocos operatórios encerrados. "Foram dezenas de cirurgias que foram adiadas por culpa do Ministério da Saúde, por não corresponder aos problemas dos enfermeiros. Ao não assumir os compromissos está a acentuar esses problemas", sublinhou a dirigente sindical, Fátima Monteiro.
A sindicalista adiantou também que a adesão à greve no Hospital da Póvoa foi de 80% e que no Hospital de Santo António, no Porto, e no Centro Hospitalar Gaia/Espinho "nenhuma sala [de cirurgia] funcionou" até então.
Paralisação no Algarve
A adesão à greve dos enfermeiros no Algarve rondava hoje de manhã os 60% no hospital de Faro, obrigando ao adiamento de algumas cirurgias, disse o dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Nuno Manjua.
No turno de manhã, que termina às 16H00, a adesão à greve no hospital de Faro era de 60%, no de Portimão era 76% e no de Lagos 86%, o que afectou o funcionamento de vários serviços, desde a urgência ao internamento, que funciona com os serviços mínimos, mas também as consultas externas, garantiu o sindicato.
"O bloco operatório de Faro está a meio gás, algumas cirurgias não são feitas, em Portimão nenhuma é feita sem ser urgente e, tanto em Faro como em Portimão, não foram feitas nenhumas das cirurgias programadas", sublinhou o dirigente sindical.
Segundo Nuno Manjua, existem ainda várias unidades dos centros de saúde da região com uma adesão superior a 50%, e, em alguns casos, de 100%, como nas unidades de São Brás de Alportel e Quarteira (concelho de Loulé).
"Os serviços de internamento, urgência, cuidados intensivos ou consultas externas nos vários hospitais da região são todos afectados, independentemente de a adesão nesse serviço específico ser 100% ou ser um pouco menos. Em todos os serviços há sempre alguma coisa que acaba por ficar afectada", afirmou.
Os enfermeiros iniciaram às 08h00 de hoje a greve de dois dias pela "valorização e dignificação" destes profissionais, uma paralisação que ficou agendada apesar da marcação de um calendário de negociações com o Governo sobre as suas 15 reivindicações.
Os objectivos desta greve prendem-se essencialmente com a valorização e dignificação dos enfermeiros, segundo o SEP.