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'Guerra' entre rosas e cravos marcou celebração do 25 de Novembro onde estiveram vários candidatos presidenciais

13:10
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Depois da parada militar na Praça do Comércio.

O confronto entre rosas brancas e cravos vermelhos voltou a marcar a sessão solene que assinalou a operação militar do 25 de Novembro de 1975, que contou também com a presença de vários candidatos presidenciais.

Celebrações do 25 de novembro na Assembleia da República
Celebrações do 25 de novembro na Assembleia da República Lusa

Um ano depois da primeira sessão solene que assinalou os 49 anos desde a operação militar do 25 de Novembro, os deputados da Assembleia da República voltaram a reunir-se para assinalar o cinquentenário da data, desta vez com todos os preceitos da sessão dedicada ao 25 de Abril de 1974.

Na entrada principal, a Guarda de Honra, constituída por um batalhão com militares dos três ramos das Forças Armadas, aguardava a chegada das várias entidades, que foram entrando no Palácio de São Bento pela ordem protocolar.

À semelhança do ano passado, o general Ramalho Eanes, antigo Presidente da República e principal militar operacional do 25 de Novembro, acompanhado pela mulher, Manuela Eanes, voltou a marcar presença, tendo sido recebido com honras militares antes de se dirigir à Sala de Visitas da Presidência.

Pelas 10:30, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, acompanhado pela mulher, fez o mesmo percurso, dirigindo-se até à sala onde foi cumprimentado por várias entidades, nomeadamente líderes parlamentares de vários partidos e onde não estavam representantes do PCP (que não participou na sessão) nem do BE.

A quinze minutos da hora marcada para o início da cerimónia, e depois de ter participado numa parada militar no Terreiro do Paço, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou à entrada principal da Assembleia da República onde escutou o hino nacional, antes de se juntar aos convidados para a sessão solene.

No interior do hemiciclo, os convidados iam ocupando os seus lugares: ao cimo, na galeria destinada a antigos Presidentes da República e ex-primeiros-ministros, além de Ramalho Eanes e Manuela Eanes esteve também o antigo chefe do executivo Pedro Santana Lopes - que ainda trocou umas palavras com a mulher de Luís Montenegro, minutos antes do arranque da sessão.

Ao contrário do ano passado, Cavaco Silva não esteve presente.

Mais abaixo, na meia-lua do hemiciclo, em frente à bancada do Governo, sentaram-se os principais convidados institucionais, como os presidentes do Tribunal Constitucional e do Supremo Tribunal de Justiça, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas ou o procurador-geral da República, além de dois candidatos às eleições presidenciais: Luís Marques Mendes, na qualidade de Conselheiro de Estado, e André Ventura, como líder do maior partido da oposição.

Ventura escolheu estar sentado em frente ao executivo, e não na bancada do Chega, ao abrigo de uma prerrogativa protocolar dedicada aos líderes do maior partido da oposição, que lhe permite ocupar aquele lugar, e que só costuma ser utilizada quando estes líderes não são deputados.

Também João Cotrim de Figueiredo assistiu à sessão, sentado numa das galerias mais acima, assim como Jorge Pinto, na qualidade de deputado do Livre.

A Sala das Sessões foi novamente decorada com arranjos de rosas brancas, tal como no ano passado, mas desta vez em maior número, ocupando toda a Mesa da Assembleia da República, além do púlpito.

Não tardaram a surgir, de novo, os primeiros cravos vermelhos, símbolo da revolução de 25 de Abril de 1974: na lapela ou na mão, vários deputados do PS levaram-nos até ao hemiciclo, incluindo o presidente do partido, Carlos César, o secretário-geral, José Luís Carneiro, e o líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias.

Nas bancadas à esquerda -- à exceção da do PCP, que esteve vazia - foram surgindo mais cravos vermelhos, quer nos lugares do Livre ou na lapela da deputada única do BE, Mariana Mortágua.

Mas não só: também o presidente do Tribunal Constitucional, José João Abrantes, sentado na primeira fila dos convidados institucionais, surgiu de cravo vermelho ao peito.

Os arranjos florais do púlpito foram palco de um autêntico "confronto" político, seja com deputados à esquerda, como Jorge Pinto e Mariana Mortágua, ou Inês Sousa Real, a colocar cravos vermelhos no arranjo de rosas brancas, ou com figuras à direita, como André Ventura, a retirá-los de seguida.

Também Paulo Núncio, líder parlamentar do CDS-PP, fez questão de retirar uma rosa branca de um dos arranjos mais abaixo e levá-la até à tribuna, antes de começar a discursar.

No final, o Hino Nacional, entoado pela banda na Guarda Nacional Republicana, encerrou a sessão que assinalou uma das datas mais controversas da política portuguesa.

Os acontecimentos do 25 de Novembro de 1975, em que forças militares antagónicas se defrontaram no terreno e venceu a chamada ala moderada do Movimento das Forças Armadas (MFA), marcaram o fim do chamado Processo Revolucionário Em Curso.

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