Nos primeiros seis meses deste ano realizaram-se menos 3,8 milhões de consultas presenciais nos cuidados de saúde primários comparativamente ao período homólogo de 2019.
As consultas presenciais nos centros de saúde caíram 36% no primeiro semestre do ano face a igual período de 2019, segundo dados divulgados pela Ordem dos Médicos e pelos administradores hospitalares, que manifestam preocupação com "o agravar da situação".
Os dados hoje apresentados, em Lisboa, no âmbito do lançamento do Movimento Saúde em Dia, promovido pela Ordem dos Médicos (OM) e pela Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), mostram que, no primeiro semestre deste ano, se realizaram menos 3,8 milhões de consultas presenciais nos cuidados de saúde primários comparativamente ao período homólogo de 2019, enquanto nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde foram feitas menos 902 mil consultas.
As duas entidades manifestam preocupação com os dados relativos ao número acumulado de doentes que não têm acesso a consultas, cirurgias, exames, internamento ou mesmo urgências na sequência da pandemia da covid-19.
O bastonário da OE, Miguel Guimarães, adverte que a situação "se pode agravar nos próximos meses, uma vez que existem doentes sem acesso a consultas desde março, que ainda não começaram a ser tratados e não há um verdadeiro plano de retoma".
Segundo os dados, a redução de 902 mil consultas hospitalares representou uma quebra de 22% nas primeiras consultas hospitalares e de 11% nas consultas subsequentes.
Nas urgências hospitalares assistiu-se a uma redução de 27% de episódios no primeiro semestre, o que significa menos 839.436 episódios do que em 2019.
Também as cirurgias tiveram uma quebra significativa, com a realização de menos 27% de intervenções, adiantam os dados apresentados pelas entidades, que apontam ainda uma redução de 30% das cirurgias programadas e de 10% das operações urgentes.
Segundo os dados oficiais, o número de teleconsultas aumentou 40% no primeiro semestre deste ano.
Mas, para o presidente da APAH, Alexandre Lourenço, é necessário olhar com atenção para as consultas presenciais que não foram realizadas.
"os números da telemedicina até podem ser positivos, mas este recurso será sempre complementar, e ainda não está consolidado de forma uniforme em Portugal, e pode mascarar uma realidade que se pode tornar ainda mais grave num futuro próximo", alerta Alexandre Lourenço.
Para o presidente da APAH, "não é apenas com uma chamada telefónica" que se podem "realizar rastreios, diagnósticos, conhecer o doente e referenciá-lo adequadamente para os cuidados especializados".
Miguel Guimarães subscreve esta ideia e acrescenta que "os centros de saúde continuam com atividade limitada pela covid-19" e que os contactos diretos com o doente têm sido muito baseados numa suposta telemedicina e por contactos breves, o que não permite ter acesso à imagem completa do utente.
"É preciso começar a tratar os doentes que ficaram pendentes desde março, é preciso que os doentes não tenham medo de ir ao SNS e que o SNS lhes dê todos os acessos possíveis. Os doentes não podem achar que uma consulta em telemedicina é o mesmo que uma consulta presencial", defende o bastonário dos Médicos.
É com base nestes números e nesta preocupação que as duas entidades, com o apoio da Roche, lançam hoje o vídeo "Saúde em Dia -- Não mascare a sua saúde", que pretende sensibilizar "a população para a importância de se manterem alerta em relação à sua saúde, não mascarar sintomas e não adiar visitas ao médico perante sinais de alerta de qualquer doença".
A APAH e a Ordem dos Médicos consideram que "não se deve descurar a covid-19", mas insistem que "a saúde é muito mais do que a pandemia", pelo que é importante estar atento a todas as outras doenças.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 889 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 1.843 em Portugal.
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