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Como foi a última homenagem a Jorge Sampaio

Sessão evocativa no Mosteiro dos Jerónimos acontece antes do funeral, que terminará no Cemitério do Alto de São João em Lisboa.

Lusa
Ao Minuto Atualizado 12 set 2021
12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 13:33

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A urna de Jorge Sampaio ficou no jazigo familiar em nome do bisavô materno, Marcelino Augusto Branco, no Cemitério do Alto de São João. Depois da saída da família, as pessoas podem ir despedir-se do antigo Presidente da República, e as flores são visíveis junto ao jazigo. 

Alexandre R. Malhado
12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 13:21

“Mais tarde, venho trazer uns cravos para o Sampaio”

Sentada de costas para o Alto de São João, uma senhora, que preferiu não dizer o seu nome, escutou o relato da cerimónia em direto. "Foi um grande homem que reconstruiu Lisboa e, mais tarde, o País", afirma. Mais tarde, promete, deixará cravos junto ao jazigo familiar do antigo Presidente da República.

Alexandre R. Malhado
12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 13:17

Família de Jorge Sampaio saiu do cemitério

Os familiares de Jorge Sampaio já se despediram do antigo Presidente da República. À saída do cemitério Alto de São João, dezenas de populares aplaudem a família do antigo chefe de Estado. 

Alexandre R. Malhado
12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 12:54

Maria José Ritta beijou bandeira de Portugal

No Alto de São João, a cerimónia é agora para a família. A cerimónia oficial terminou com a entrega da bandeira nacional que cobria a urna de Jorge Sampaio à viúva e antiga primeira-dama de Portugal, Maria José Ritta, que a beijou depois de a recolher das mãos de Marcelo Rebelo de Sousa. 

12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 12:43

Palmas a Jorge Sampaio

Junto ao cemitério, centenas de pessoas aplaudem o cortejo. Urna é seguida pela família e pelas três figuras do Estado. 

12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 12:41

Cortejo fúnebre de Jorge Sampaio já está no Alto de São João

À entrada do cemitério, encontra-se a Guarda de Honra constituída por 165 militares dos três Ramos das Forças Armadas, sendo o Comandante da Força o Capitão-de-fragata Silva Caldeira. À passagem da urna, ouve-se a Marcha Fúnebre. Vão ainda ouvir-se três tiros de salva quando a urna entrar no cemitério. A partir daí, a cerimónia é privada, para a família.

12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 12:09

Cortejo seguirá agora para o Alto de São João

O cortejo fúnebre é composto por batedores da Polícia de Segurança Pública, por uma escolta motorizada da Guarda Nacional Republicana, membros do Protocolo do Estado, uma viatura com coroas de flores, o carro funerário que transporta a urna, uma viatura da GNR com insígnias, seguida da família, o Presidente da República, Presidente da Assembleia da República e Primeiro-Ministro, e a restante escolta de honra.

12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 12:02

Presidente da República: Jorge Sampaio "nunca quis ser herói, mas foi"

Ao seu estilo lírico, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou Jorge Sampaio como "um grande senhor da sua e nossa Pátria, do seu e nosso mundo". "É um dos nossos grandes", começa. "Nunca quis ser herói, mas foi. Daquele heroísmo discreto, mais lírico do que épico, mais doce do que impulsivo. Firme, mas doce", afirma. 

A nível político, Marcelo recorda Sampaio como um homem que não se coibiu de "sujar as mãos de intelectual nas obras que se fazem nas casas, ruas, cidades", intitulando Sampaio como um "homem dos sem teto a quem ajudou a dar teto", aludindo ao seu trabalho de erradicação das barracas em Lisboa. Recorde-se que Sampaio chegou a fazer visitas traumáticas a antigos bairros de lata como a Musgueira, Curraleira e Quinta dos Peixinhos. 

12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 12:01

As imagens da cerimónia

12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 11:49

Ferro Rodrigues: "O seu exemplo vai perdurar e inspirar muitas gerações pelo que nos deu, nos ensinou, partilhou"

Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, fez um discurso emocionado, em que recordou o "legado extraordinário" de Jorge Sampaio. "Neste momento de dor manifesto o meu profundo pesar, em particular à mulher e filhos. Dor que sinto pelo amigo de longa data que perdi e que é partilhada pelos deputados que aqui represento. Se este é um momento de dor e tristeza, é também de lembrar que Portugal foi afortunado por ter em Sampaio um dos seus cidadãos mais ilustres."

Ferro recordou os vários cargos ocupados por Sampaio, onde deixou a "marca dos seus valores humanistas, de forte dever cívico, com convicção, combatividade, integridade e enorme generosidade". Sampaio foi "constante no combate à ditadura de Salazar" e um dos "principais rostos de crise académica" de 1962, mas "não foi menor o seu destaque após o 25 de abril". Jorge Sampaio mostrou "que a solidariedade não é facultativa, mas resulta do artigo primeiro da Declaração Universal dos Direitos Humanos".

Sampaio "colheu respeito e admiração". "Era pessoa de grande saber, cultura, inteligência e generosidade. Colocou as suas qualidades ao serviço de causas públicas", e partilhou "ideias nobres e justas para intervir para melhor o mundo em que vivemos". "No momento do seu desaparecimento, recordamos o grande advogado, políticos, o enorme ser humano e um dos maiores servidores da causa pública da sua geração".

Ferro Rodrigues defendeu que na política também se fazem amigos e Sampaio "teve muitos e grandes, com quem partilhou ideias, pela noite dentro, influenciando-se mutuamente, alguns já desaparecidos", como Ernesto Melo Antunes, João Bénard da Costa ou Nuno Brederode Santos. "O seu exemplo vai certamente perdurar e inspirar muitas gerações pelo que nos deu, nos ensinou, partilhou. Obrigado Jorge Sampaio."

12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 11:37

Costa: "Com ele aprendi política e Direito. Concordei, discordei e conspirei, sobretudo no futebol"

Por vezes com a voz a tremer, o primeiro-ministro, António Costa, diz que não se despede de Jorge Sampaio enquanto "amigo e camarada de partido", mas também de ser seu "estagiário em advocacia, diretor da campanha presidencial e membro de três governos" onde ele era chefe de Estado. "Com ele aprendi política e Direito, concordei, discordei e conspirei, sobretudo no futebol", recorda o benfiquista Costa, referindo-se ao sportinguismo de Jorge Sampaio. "  

O líder de Executivo recordou também o percurso político de Jorge Sampaio, desde líder da autarquia de Lisboa até Presidente da República, passando pelo seu papel de combate ao Estado Novo na crise académica e como enviado especial das Nações Unidas na luta à tuberculose. "A vida pública de Jorge Sampaio foi sempre feita de convicções e de persistentes ações", diz Costa. "Deu um valiosíssimo contributo para dignificar a nossa democracia e prestigiar Portugal" e a sua "visão humanista e a exigência ética tornaram-se, mais do que uma imagem de marca".

Costa concluiu o seu discurso lembrando Sampaio como "Um homem que nunca cedia ao populismo". "Nestes tempos de tentações antidemocráticas, este património é fundamental."

12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 11:16

"O nosso pai foi popular sem ser populista"

A primeira palavra da cerimónia foi reservada à família. Num adeus emocionado, André e Vera Sampaio, filhos do antigo Presidente da República, lembraram o pai como "um homem bom, atento e disponível". "O nosso pai foi popular sem ser populista. Foi estadista e cidadão comum. Foi amado sem gostar de ser venerado. Foi muitas vezes discreto mas esteve sempre presente. Foi atento, próximo e disponível. Foi lutador e pacificador. Valorizava a convergência mas também os momentos de divergência. Foi um homem justo, corajoso mas sem medo de chorar", lembra André. 

Depois da cerimónia arrancar com o discurso de tomada de posse de Jorge Sampaio como Presidente da República em 1996 — "ouvirei os portugueses, ouvirei todos mas os excluídos remetidos tantas vezes ao estatutos de dispensados. Não há portugueses dispensados" —, Vera lembra como "na sua pessoa não havia discordância entre o político e o pai, que desprezava "a arrogância e cultivava a humildade". 
oo nosso pai foi popular sem ser populosta. foi estadista e cidadão comum. foi amado sem gostar de ser venerado. foi muitas vezes discreto mas esteve sempre presente. foi atento, próximo e disponivel. foi lutador e pacificador. valorizava a convergência mas também os momentos de divergencia. foi um homem justo, corajoso mas sem medo de chorar. queridos amigos, em nosso nome e da nossa mae, agradecemos a homenagem a um cidadão que os representou ae aquem tivemos o privilegio de chamar pai.

12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 11:15

Maria do Céu Guerra declamou poema de Jorge de Sena

Leia o poema na íntegra: 

Uma pequenina luz

Uma pequenina luz bruxuleante
Não na distância brilhando no extremo da estrada
Aqui no meio de nós e a multidão em volta
Une toute petite lumière
Just a little light
Una picolla, em todas as línguas do mundo

Uma pequena luz bruxuleante
Brilhando incerta mas brilhando aqui no meio de nós
Entre o bafo quente da multidão
A ventania dos cerros e a brisa dos mares
E o sopro azedo dos que a não vêem
Só a adivinham e raivosamente assopram

Uma pequena luz, que vacila exacta
Que bruxuleia firme, que não ilumina, apenas brilha
Chamaram-lhe voz ouviram-na, e é muda
Muda como a exactidão, como a firmeza, como a justiça
Brilhando indeflectível
Silenciosa não crepita
Não consome não custa dinheiro
Não é ela que custa dinheiro
Não aquece também os que de frio se juntam
Não ilumina também os rostos que se curvam
Apenas brilha, bruxuleia ondeia
Indefectível, próxima dourada

Tudo é incerto, ou falso, ou violento: Brilha
Tudo é terror, vaidade, orgulho, teimosia: Brilha
Tudo é pensamento, realidade, sensação, saber: Brilha
Desde sempre, ou desde nunca, para sempre ou não: Brilha

Uma pequenina luz bruxuleante e muda
Como a exactidão como a firmeza, como a justiça
Apenas como elas
Mas brilha
Não na distância. Aqui
No meio de nós
Brilha
12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 11:03

O arranque da cerimónia nos Mosteiro dos Jerónimos

O rufar dos tambores da guarda da GNR foi ditando a chegada da urna aos claustros do Mosteiro dos Jerónimos. A homenagem ao antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, começou com o hino nacional tocada pelo coro do Teatro Nacional de São Carlos, dirigidos pela maestrina Joana Carneiro.

12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 10:34

Ambiente de solenidade nas cerimónias de Sampaio

Após a chegada (ligeiramente atrasada) das três maiores figuras de Estado, a guarda da GNR tocou o hino e começou uma marcha lenta a cavalo em direção aos Jerónimos. O ambiente é de solenidade neste início da cerimónia evocativa do antigo Presidente, Jorge Sampaio. Segundo o protocolo, o primeiro-ministro deveria ter chegado às 10h15. 

A família de Jorge Sampaio, Maria José Ritta e os dois filhos Vera e André, já se juntaram às três figuras do Estado. 

12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 10:29

As três figuras do Estado presentes no momento em que se entoa o Hino Nacional

Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Ferro Rodrigues perfilaram-se junto aos Jerónimos enquanto se ouvia o Hino Nacional. 

Alexandre R. Malhado
12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 10:19

Cortejo a caminho do Mosteiro dos Jerónimos

O hipomóvel com a urna de Jorge Sampaio parou frente ao Palácio de Belém, onde populares e funcionários aplaudem o antigo Presidente da República. 

12 set 2021 12 de setembro de 2021 às 10:09
Lusa

O último adeus a Jorge Sampaio

O funeral do antigo Presidente da República Jorge Sampaio realiza-se hoje em Lisboa, antecedido de uma sessão evocativa nos Jerónimos que reunirá cerca de 300 pessoas e poderá ser acompanhada no exterior através de um ecrã gigante.

A saída do carro funerário transportando o corpo do antigo Presidente da República para o Mosteiro dos Jerónimos está prevista para as 10:00, com o cortejo fúnebre a parar brevemente em frente ao Palácio de Belém, residência oficial dos chefes de Estado, cargo que Sampaio ocupou entre 1996 e 2006.

A cerimónia, que começará às 11:00, deverá reunir cerca de 300 pessoas, número que corresponde a 75% do total da capacidade, seguindo as regras da Direção-Geral da Saúde, devido ao contexto de pandemia.

As mais altas figuras do Estado, família, amigos próximos, deputados e delegações estrangeiras, bem como o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa ocuparão os lugares disponíveis, havendo, do lado de fora do mosteiro, um écrã gigante para que a população possa acompanhar a homenagem.

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