Sábado – Pense por si

Câmara de Lisboa discute viabilização de projeto para a Portugália que inclui hotel

Lusa 30 de março de 2021 às 21:35
As mais lidas

O documento visa aprovar um pedido de informação prévia do fundo imobiliário proprietário do quarteirão da Portugália quanto à viabilidade de requalificar aquela zona.

D.R.

A Câmara Municipal de Lisboa discute na quinta-feira a aprovação de um pedido de informação prévia que visa a requalificação do quarteirão da Portugália, que deverá incluir um hotel, apartamentos turísticos, habitação, comércio e serviços.

A proposta, subscrita pelo vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, Ricardo Veludo (independente, eleito pelo PS), será debatida em reunião privada do executivo municipal.

O documento, ao qual a agência Lusa teve hoje acesso, visa aprovar um pedido de informação prévia do fundo imobiliário proprietário do quarteirão da Portugália quanto à viabilidade de requalificar aquela zona, numa área de 6.739,77 metros quadrados.

Está previsto um conjunto de intervenções de alteração, ampliação e construção nova, "salvaguardando e valorizando o património cultural edificado preexistente, bem como o património cultural imaterial através do restabelecimento de produção de cerveja na antiga fábrica da Cervejaria Portugália", salienta a autarquia na proposta.

"Tratando-se de um conjunto com frente para duas ruas opostas, é proposto o atravessamento pedonal do quarteirão da Avenida Almirante Reis à Rua António Pedro que, mantendo-se em titularidade privada, será objeto de um ónus de utilização pública", acrescenta a Câmara.

A operação está dividida em duas parcelas, sendo que a norte os promotores pretendem reabilitar a Cervejaria Portugália e a antiga Fábrica de Cerveja, "envolvendo a realização de obras de alteração, bem como a realização de obras de ampliação através da construção de dois novos blocos" destinados a habitação, comércio e serviços.

Já para a parcela sul, está prevista a construção de um estabelecimento hoteleiro com 165 quartos duplos, 189 apartamentos turísticos, bem como habitação, comércio e serviços.

No total, a requalificação do quarteirão da Portugália deverá contar com 98 fogos de habitação, refere a proposta, adiantando que ambas as parcelas terão área de logradouro, totalizando uma área de 2.434,31 metros quadrados destinada à fruição ao ar livre.

"Ao nível do subsolo é proposta a construção de dois pisos em cave destinados a estacionamento, com a constituição de uma servidão de passagem que garanta às duas parcelas o acesso comum ao estacionamento", indica o município.

É também sublinhado na proposta da Câmara de Lisboa, liderada pelo socialista Fernando Medina, que o "número de pisos varia sem ultrapassar os oito pisos acima do solo, e a altura máxima de fachada e da edificação correspondem, respetivamente, a 23,26m e 26,26m".

Segundo a memória descritiva do projeto, na área destinada a turismo pode ainda ser integrada uma residência de estudantes em sede de licenciamento.

Esta intervenção urbanística "não prevê a cedência de áreas destinadas a espaços verdes e de utilização coletiva e/ou para equipamentos de utilização coletiva", pelo que foi proposto ao município a entrega de habitações.

A Câmara pretende, assim, promover a afetação de logradouro privado a utilização pública, novas ligações pedonais "e a oferta relevante de habitação acessível" para responder "ao estado de carência habitacional do concelho de Lisboa".

A emissão da informação prévia favorável está condicionada nos termos dos pareceres emitidos pelos serviços municipais e do Metropolitano de Lisboa, que "a 19 de fevereiro de 2021 emitiu parecer favorável condicionado".

A autarquia anunciou em julho do ano passado a decisão de indeferir um pedido de licenciamento relativo ao polémico projeto Portugália Plaza, previsto para aquele quarteirão, que previa inicialmente a construção de um edifício de 60 metros, depois alterado para 49 metros.

O município entendeu não estarem "reunidas as condições estabelecidas no Plano Diretor Municipal (PDM) para a excecionalidade da solução em torre", segundo um comunicado enviado às redações na altura.

O projeto foi alvo de várias críticas de munícipes e autarcas, sobretudo relacionadas com a volumetria de um dos edifícios e com o sistema de atribuição de créditos de construção.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
No país emerso

Por que sou mandatária de Jorge Pinto

Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.