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Visita de Netanyahu a Portugal é "inaceitável" e preocupante, diz ONG

04 de dezembro de 2019 às 15:52

O Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente condeno a deslocação a Portugal do primeiro-ministro israelita.

O Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) condenou esta quarta-feira a deslocação a Portugal do primeiro-ministro israelita,Benjamin Netanyahu, considerando "inaceitável" e preocupante que o governo português o tenha aceitado.

Num comunicado intitulado "Portugal não deve receber o criminoso Benjamin Netanyahu", o MPPM "condena a deslocação a Portugal" do primeiro-ministro de Israel hoje e quinta-feira, para encontros com o seu homólogo português, António Costa, e o o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.

"É inaceitável que o governo português se preste a acolher o encontro entre Pompeo e Netanyahu (...) Mas é ainda mais grave e motivo de justas inquietações que o primeiro-ministro português se disponha, também ele, a receber Netanyahu", considera o MPPM.

Netanyahu declarou hoje à partida de Telavive para Lisboa que o encontro com Pompeo se centrará no Irão e no apoio dos Estados Unidos a Israel, nomeadamente o reforço da aliança defensiva com o Estado hebraico e o "futuro reconhecimento norte-americano da aplicação da soberania israelita no vale do Jordão".

Para o MPPM, isto significa que "a reunião será dedicada à coordenação de ações de desestabilização no Médio Oriente tendo por alvo e pretexto o Irão, como acontece na Síria, e à preparação da anexação de uma parte importante da Cisjordânia, numa nova e gravíssima violação do direito internacional e do direito do povo palestino à autodeterminação e ao seu Estado independente".

O movimento acusa Netanyahu de ser "pessoalmente responsável pela continuada ocupação dos territórios palestinos, incessantes agressões e crimes de guerra contra a Faixa de Gaza, a repressão brutal do povo palestino, o avanço desenfreado da colonização e da anexação", bem como de "repetidas violações da soberania e integridade territorial da Síria", desempenhando "um papel altamente desestabilizador em todo o Médio Oriente".

"O que tem o governo português a tratar com alguém que, além do cortejo de crimes e ilegalidades, está em mera gestão de assuntos correntes e, que além disso, foi formalmente acusado no seu país por crimes de corrupção?", questiona o MPPM.

O primeiro-ministro israelita foi recentemente acusado em três casos de corrupção e já falhou por duas vezes este ano a formação de um executivo.

Após legislativas em abril e setembro cujos resultados foram inconclusivos, Israel arrisca um terceiro escrutínio no espaço de um ano para se determinar quem governa o país.

"Irá António Costa aproveitar a ocasião para comunicar a Netanyahu o recente Voto da Assembleia da República, aprovado também pelos deputados do PS, que nomeadamente «Reafirma o caráter ilegal dos colonatos israelitas» e «Reitera o direito do povo palestiniano à constituição de um Estado livre, viável, soberano e independente, com capital em Jerusalém Leste, conforme as resoluções da ONU», questiona ainda o MPPM.

O encontro do primeiro-ministro israelita com o seu homólogo português, marcado para quinta-feira, terá como tema as relações bilaterais entre Portugal e Israel, disse à Lusa fonte oficial do executivo de António Costa.

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