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Rio teme que orçamento fique pior devido a imposições "irrealistas" do PCP

05 de novembro de 2020 às 08:30

Presidente do PSD considera que os comunistas terão um "poder brutal" nesta fase de discussão da proposta do Orçamento de Estado para 2021 do Governo.

O presidente do PSD, Rui Rio, disse hoje temer que o Orçamento do Estado para 2021 fique "ainda pior" depois da discussão na especialidade, devido a imposições "irrealistas" do PCP e reivindicações do BE.

Na abertura de um conjunto de sessões online sobre o Orçamento do Estado para 2021 organizadas pela distrital de Lisboa do PSD, Rui Rio voltou a apontar as razões que sustentaram o voto contra dos sociais-democratas na generalidade, e manifestou-se preocupado com o atual processo de especialidade orçamental.

"Não será o mesmo Orçamento do Estado na votação final global, vai ter alterações na especialidade, mas as alterações que vai ter temo que ainda possam ser para pior, porque estamos a falar de imposições do Partido Comunista e revindicações do Bloco de Esquerda", alertou.

Rio fez questão de distinguir a posição do BE, que votou contra na generalidade e já só pode "reivindicar umas coisitas", da do PCP - que se absteve -, considerando que os comunistas terão um "poder brutal" nesta fase de discussão da proposta do Governo.

"Esperemos que não imponha o impossível e que não tenhamos aqui uma crise brutal por força das reivindicações irrealistas do PCP", afirmou.

Na sua intervenção de quase uma hora, o líder do PSD voltou a acusar o Governo de "distribuir tudo e ao mesmo tempo" na atual proposta orçamental, comparando a atitude do executivo liderado por António Costa à de José Sócrates, embora distinguindo as circunstâncias.

"Quando o engenheiro Sócrates foi primeiro-ministro também distribuiu, distribuiu, distribuiu e depois tivemos sofrimento. Deu o que tinha e o que não tinha, pôs o país dependurado e tivemos que chamar a 'troika' (...) Temos que ter essa lição bem presente", avisou, considerando que, se esse período e o atual são muito distintos, "o princípio é o mesmo".

Rio repetiu que concorda que é positivo aumentar pensões, ter creches gratuitas, mais apoios sociais, reduzir o IVA da eletricidade ou dos ginásios, passes sociais mais baratos ou aumentar os salários mais baixos na função pública, como pretende o Governo.

"Tudo isto ao mesmo tempo e em ano de crise? Tem o país condições para dar tudo isto ao mesmo tempo ou estamos a repetir o que aconteceu no tempo do engenheiro Sócrates e depois a seguir temos de pagar mais caro do que seria necessário pagar?", questionou.

Rio admitiu que esta posição "é do mais impopular que há", mas considerou ser necessário repeti-la para "as pessoas saberem exatamente o que o PSD" e ele próprio pensam sobre a situação do país.

"Espero não vir a ter num futuro próximo muita razão sobre isto, porque se tiver muita razão é sinal que o país vai estar numa situação ainda mais complicada", disse, defendendo que o orçamento deveria ser seletivo nas suas prioridades.

O líder do PSD voltou a enumerar as razões que sustentaram o voto contra do partido na generalidade, como as previsões "pouco realistas" de receita, o excessivo peso do consumo público ou a "falta de transparência" do documento, a que somou "o conforto" das palavras do primeiro-ministro na entrevista que deu ao Expresso no final de agosto.

"Quando o primeiro-ministro diz que, no dia em que precisar do voto do PSD para sustentar o seu Governo o seu Governo acaba, quase que diria que não vale a pena o PSD abster-se ou votar a favor porque o Governo acabava logo a seguir, até em nome da estabilidade, se me permitem a ironia", disse.

"Temos estas razões todas e esta tranquilidade de espírito adicional, podemos votar totalmente de acordo com a nossa convicção. Não sei se é bom para o país isso já é outra pergunta, mas para a decisão de voto do PSD não é muito difícil", sublinhou.

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