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Projeto português contra racismo no futebol recebe apoio de rede internacional

30 de agosto de 2020 às 10:02

A Rede FARE, um projeto internacional contra o racismo no futebol, premiou um projeto da Associação Plano I que tem como objetivo expor "histórias positivas de inclusão".

A Rede FARE, um projeto internacional contra o racismo no futebol, premiou um projeto da Associação Plano I que tem como objetivo expor "histórias positivas de inclusão", além de gerar um estudo e um espaço para denúncias.

Segundo explicou Paula Allen, responsável pela iniciativa, à Lusa, o plano aprovado "prevê a criação de um 'website' com informação fidedigna sobre esta matéria, que garanta que serão valorizadas as histórias positivas e construtivas, de inclusão e não discriminação".

"Pretendemos um 'site' pela positiva, no âmbito do 'Black Lives Matter', e, por isso, importa realçar quem, em território nacional, esteve ou está ligado ao futebol e tem histórias positivas para nos contar", destacou.

O 'site' será lançado no dia 21 de março de 2021, começando agora a ser construído e preenchido com conteúdos, "por ser o dia internacional para a eliminação da discriminação racial", numa data para a qual está previsto "um evento desportivo que marque o lançamento", em parceria com a Câmara de Matosinhos, no distrito do Porto.

A Rede FARE, fundada como Football Against Racism in Europe (Futebol Contra Racismo na Europa, em tradução livre) em 1999, começou na Áustria e agora está instalada em Londres, tendo apoiado esta semana, com até mil euros, um total de 41 organizações de quatro continentes diferentes.

Entre esses está este projeto português, que, segundo a nota, se enquadra no objetivo de "combater a injustiça racial, um problema histórico no futebol e na sociedade".

"A resposta a este programa foi soberba. Nos próximos meses, veremos grupos em 22 países e quatro continentes marcar a agenda e contribuir para mudanças duradouras na Europa, em África, nos Estados Unidos e na América do Sul", explicou, citada em comunicado, a fundadora e diretora executiva da FARE, Piara Powar.

O projeto ganhou pernas em junho quando a rede internacional decidiu pela "responsabilidade de todos em agir e construir um futuro de igualdade", após os protestos que se seguiram à morte do afro-americano George Floyd "e muitos outros".

As medidas apoiadas vão de exposições a recursos educativos, programas de formação e iniciativas jurídicas, que além do financiamento recebem ainda exposição mediática junto dos canais da rede FARE.

A intenção da Associação Plano I, sediada no Porto, começou a ganhar forma depois de se confrontarem com o "panorama nacional e internacional associado ao que se tem vindo a passar com pessoas racializadas", e com "um caso muito presente na memória, de Moussa Marega".

Paula Allen refere-se ao incidente, em fevereiro, com o avançado do FC Porto, que aguentou insultos racistas desde o aquecimento de uma visita ao Vitória de Guimarães, até abandonar o relvado em protesto.

"Achámos que, embora, felizmente, Portugal não seja um país com muitas evidências, vai tendo muitas mais do que gostaríamos que existissem. Tem vindo a perceber-se esta discriminação em função da raça", contou.

O projeto tem como parceiros a SOS Racismo e a Câmara de Matosinhos, mas a intenção da responsável é a de agregar mais instituições com vontade de combater o racismo no futebol.

Vários conteúdos, de 'podcasts' a vídeos com "figuras do mundo do desporto nacional" a uma exposição "de fotografias desportivas e recortes de jornais", sobre "pessoas racializadas que trabalham no futebol nacional", vão conviver na página com "um separador de registo de denúncias e pedidos de ajuda".

Outro objetivo é o da dinamização de "um estudo sobre a discriminação de pessoas racializadas no desporto em Portugal", através de um questionário que estará presente e que a associação espera que possa ser divulgado por Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e clubes.

Estas entidades, de resto, são chamadas pela Plano I a colaborarem e a tornarem-se parceiras, afirmou Paula Allen, além do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e "qualquer órgão de comunicação social que queira juntar-se", apoiando na divulgação e na recolha de informação.

"Pretende-se criar uma coisa com visibilidade e impacto, que faça outros juntarem-se a nós. Muito me agradaria que nos jogos anteriores a 21 de março, ou posteriores, a Liga ou a FPF quisessem algum evento, fossem nossos parceiros. Seria fantástico", comentou.

SIF // AMG

Lusa/fim

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