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Presidenciais: João Ferreira acusa embaixador dos EUA de ingerência em assuntos internos

27 de setembro de 2020 às 13:32

O embaixador norte-americano em Lisboa defende que Portugal tem de escolher entre os "amigos e aliados" EUA e o "parceiro económico" China.

O candidato presidencial apoiado pelo PCP, João Ferreira, acusou hoje o embaixador norte-americano em Portugal de ingerência em assuntos internos, usando as sanções como ameaça para impor decisões, o que para o comunista merece "veemente rejeição".

"As recentes declarações proferidas pelo embaixador norte-americano em Portugal constituem um inaceitável exercício de intromissão na vida nacional, que visa condicionar as opções de Portugal quanto ao seu desenvolvimento e política externa, o que só pode merecer a mais veemente rejeição", lê-se na nota hoje divulgada pela candidatura de João Ferreira a Presidente da República.

O embaixador norte-americano em Lisboa defende que Portugal tem de escolher entre os "amigos e aliados" EUA e o "parceiro económico" China, alertando que escolher a parceria chinesa em questões como o 5G pode ter consequências em matéria de Defesa.

George Glass, embaixador dos EUA em Lisboa, em entrevista ao Expresso, publicada no sábado, admitiu consequências em matéria de segurança e Defesa para Portugal se o país escolher trabalhar com a China.

Segundo o diplomata, as consequências serão de âmbito técnico, como a atividade da NATO ou a troca de informação classificada, e não políticas, pelo menos para já.

Glass admitiu ainda sanções a empresas portuguesas com capital chinês, nomeadamente a Mota-Engil, que recentemente vendeu 30% da empresa à chinesa CCCC.

"Não se pode aceitar que um embaixador, ou outra qualquer entidade externa, procure utilizar a ameaça -- incluindo de sanções -- para impor decisões que nada têm a ver com os interesses do povo português e do país", defende João Ferreira.

O candidato presidencial do PCP afirma que "Portugal é um país soberano e deve reger-se nas relações internacionais, de acordo aliás com o consagrado na Constituição da República Portuguesa, pelos princípios da independência nacional, da não aceitação da ingerência nos assuntos internos dos Estados", indicando ainda o que entende dever ser a postura do Presidente da República nestas matérias.

"O Presidente da República tem de ser, em todos os momentos e perante quaisquer entidades externas, o garante dessa posição", defende.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ainda não fez comentários ao episódio, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, lembrou aos EUA que quem toma decisões em Portugal é o Governo.

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