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Presidenciais: Gouveia e Melo revela que foi tentativa de Marcelo para o travar que o levou a candidatar-se

Lusa 09 de novembro de 2025 às 16:46

"Deduzi que o que pretendiam era que eu ficasse amarrado à Marinha", afirmou o candidato.

O almirante Gouveia e Melo revela que só decidiu avançar para Belém quando leu uma notícia no Expresso de que Marcelo Rebelo de Sousa pretendia travar a sua candidatura presidencial através da sua recondução como chefe da Armada.
Gouveia e Melo acusa Marcelo de o querer travar, levando-o a candidatar-se a Belém JOSÉ COELHO/LUSA
"Foi esse artigo que me fez definir o rumo. Porque quando o li, fiquei mesmo danado", afirma o ex-chefe do Estado-Maior da Armada, no livro "Gouveia e Melo - As Razões", - uma longa entrevista conduzida pela jornalista e diretora-adjunta do Diário de Notícias, Valentina Marcelino -, que será posto à venda na próxima quinta-feira e lançado no dia 24, com a chancela da Porto Editora. O artigo do Expresso, da autoria do jornalista Vitor Matos, divulgado em outubro de 2024, indicava que Marcelo pretendia reconduzir Gouveia e Melo como chefe do Estado-Maior da Armada para evitar a sua candidatura presidencial, mas este só aceitava se houvesse um investimento significativo na força naval, chegando-se mesmo a referir a compra de mais submarinos. Gouveia e Melo, que já se havia referido a uma tentativa para travar a sua candidatura a Belém através da sua promoção a chefe máximo das Forças Armadas, sem indicar nomes nem datas, aponta desta vez o dedo ao Presidente da República e ao Governo. "De facto o Governo - e também o senhor Presidente da República - não pareciam interessados em nada da defesa, para além de fazerem umas correções nos ordenados dos militares. Assim, deduzi que o que pretendiam era que eu ficasse amarrado à Marinha com o eventual 'prémio' de, no fim, poder ser CEMGFA e atingir o topo da carreira militar. Pensaram, especulo eu, que ficaria muito contente por me darem a oportunidade", desabafa. O almirante que chefiou a Marinha e o processo de vacinação contra a covid-19 deixa a ideia de que a estratégia do que pretendiam travar a sua candidatura saiu completamente furada: "Essas pessoas verdadeiramente não me conheciam...essa é a única coisa que eu nunca faria: ser príncipe só para cortar fitas". "Ora, queriam dar-me importância sem me darem poder para fazer nada. Muito obrigado. Foi aí que decidi: Vou entrar no campo das verdadeiras decisões, a política", assegura. Henrique Gouveia e Melo não poupa críticas ao poder político, como a existência de "um certo autismo aos ventos de mudança e um alheamento perigoso do que se aproximava", dando o exemplo da cena internacional e da possível reeleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos. "Pensei, 'se os senhores não estão sequer preocupados, ficar não faz sentido, o meu contributo só poderá ser útil cá fora, precisamente no meio político'", assume. No livro, de 236 páginas, Gouveia e Melo acusa Marcelo Rebelo de Sousa de ter feito uma "coisa muito incomodativa" quando se colocou a questão da sucessão do almirante Mendes Calado como chefe da Marinha, em 2021, e terá dito que "não era necessário que o almirante Gouveia e Melo empurrasse o almirante Mendes Calado". "Essa frase foi verdadeiramente assassina", sustenta o agora candidato a Belém, afirmando que não empurrou ninguém e que Marcelo o veio a reconhecer posteriormente. Só que, como essas declarações e também pelo facto de Mendes Calado estar "zangado com o Governo" de então, tudo "se conjugou para criar um ambiente difícil, de cortar á faca". Sobre as presidenciais de 18 de janeiro, Henrique Gouveia e Melo afirma que o seu "principal adversário" não está nas eleições, mas no "preconceito travestido de democracia". Quanto à crítica de Luís Marques Mendes, de que a eleição de Gouveia e Melo poderia ser "um risco enorme, até um perigo para a democracia", o almirante responde apenas: "Senti que o candidato Luís Marques Mendes tinha ensandecido por momentos...".
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