Pedro Nuno Santos é candidato à liderança do PS. "Os portugueses conhecem os meus erros"
É oficial: o ex-ministro entra na corrida a secretário-geral do PS. Elogia Costa e a geringonça, aponta como bandeiras melhorar salários, habitação e valorização do interior, chama Montenegro de mentiroso em relação a não se aliar ao Chega e deixa indiretas ao oponente José Luís Carneiro.
É oficial: Pedro Nuno Santos é candidato a secretário-geral do PS. "Os portugueses conhecem-me, as minhas qualidades e os meus defeitos. Os portugueses conhecem a minha vontade de fazer acontecer. Conhecem também os meus erros e cicatrizes", disse numa sala cheia da sede do PS, no Largo do Rato, Lisboa, esta segunda-feira. "Apresento a minha candidatura à liderança do PS". A esta afirmação seguiu-se uma longa ovação, numa sala onde estavam nomes como o ministro da Educação João Costa, Francisco Assis (antigo líder parlamentar socialista Francisco Assis, conotado com a ala direita deste partido), a deputada Isabel Moreira, o sindicalista José Abraão (UGT), o ex-ministro Eduardo Cabrita, Vítor Raposo, João Paulo Rebelo ou Francisco César.
A pré-campanha
Num discurso onde praticamente elencou três pré-bandeiras eleitorais da sua candidatura — a melhoria de salário, o "problema difícil" do acesso à habitação e a valorização do território —, Pedro Nuno Santos lembra que "há muito por fazer". Contudo, deixa o elogio ao legado governativo de António Costa (com um olho a piscar para a aliança parlamentar à esquerda, a 'geringonça', uma obra sua). "António Costa foi o líder que derrubou os muros erguidos entre o PS e os outros partidos da esquerda parlamentar, foi ele quem teve a iniciativa de desfazer o bloqueio que colocava o PS em desvantagem face a uma direita que se conseguia entender para governar", afirmou. "São muitos os problemas que afligem as famílias portuguesas, mas seria errado e injusto esquecer o legado que é deixado ao país pelos governosliderados por António Costa." Entre os exemplos dados, Pedro Nuno Santos refere a "importante reforma do território, das florestas e da proteção civil" após a tragédia dos incêndios, "o combate à crise pandémica", o crescimento "acima da média europeia" e "colocar o emprego em níveis que já não tínhamos desde o início do milénio".
Apesar de assumir que o partido passa um momento difícil, por causa do processo Influencer, que levou à demissão de António Costa, o candidato a secretário-geral do PS deixou uma garantia: "o PS não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial." "Uma investigação judicial ditou o fim do governo. É um momento difícil para a nossa democracia e para o nosso partido", salientou. "Estas matérias são fundamentais e a justiça é central para o funcionamento de uma democracia de qualidade. Mas o PS não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial. O nosso dever é preparar e defender uma política para o país."
Colar PSD ao Chega
No seu discurso, outro dos seus alvos foi a direita. O deputado, ex-ministro e candidato à liderança do PS acusou o líder do PSD Luís Montenegro de enganar os eleitores quando diz que não fará alianças com "a direita xenófoba" do partido Chega. "É precisamente isso que se prepara para fazer", começa por dizer."É muito importante lembrar todas estas promessas que a direita prometeu e não cumpriu porque ainda agora nos promete que não fará acordos com a direita populista, racista e xenófoba, quando é precisamente isso que se prepara para fazer. É muito importante lembrar que a direita não cumpre promessas quando diz que quer baixar impostos, aumentar pensões ou recuperar o tempo de serviço dos professores. A direita simplesmente não tem credibilidade", concretiza.
As indiretas a José Luís Carneiro
Por fim, Pedro Nuno Santos (associado à ala esquerda do PS) deixa duas mensagens indiretas para o oponente José Luís Carneiro (associado à ala moderada), a quem saudou no início do discurso. "Muito se tem falado de uma suposta divisão no PS entre uma ala 'centrista e moderada' e uma ala de 'esquerda e radical'. Mas esta discussão tem pouco sentido. Alimenta conflitos artificiais e apenas serve a quem combate o PS. Na pluralidade que sempre existiu neste partido, o que está em causa não é uma disputa entre a moderação e o radicalismo", afirmou. Após apresentar a sua candidatura, o ministro da Administração Interna afirmou que "Portugal precisa de um PS moderado, responsável e patriota".Pedro Nuno Santos lembrou ainda que apoiou António Costa na luta interna do PS em 2015 (sem mencionar Carneiro, que apoiou António Seguro). "Em 2014, fui um dos primeiros presidentes de federação do PS a manifestar apoio à candidatura de António Costa a secretário-geral do Partido Socialista. Fi-lo em bom tempo. Tive a oportunidade de trabalhar com um dos melhores políticos portugueses que conheci."
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