Secções
Entrar

PCP quer área metropolitana com voz na Carris

27 de abril de 2017 às 08:35

O executivo camarário discute hoje a alteração de estatutos e pode reconduzir Tiago Farias na Transportes de Lisboa

A vereação do PCP na Câmara de Lisboa vai propor hoje a criação de um conselho consultivo para a rodoviária Carris, agora gerida pelo município da capital, de forma a envolver concelhos limítrofes nas decisões sobre a empresa.

Na reunião privada de hoje, o executivo camarário (de maioria socialista) discute a alteração de estatutos da Carris, assim como a recondução dos membros do conselho de administração - presidido por Tiago Farias (enquanto presidente da Transportes de Lisboa) e também composto pelos vogais Realinho de Matos e António Pires -, documentos que serão depois submetidos à Assembleia Municipal.

Em alternativa, os vereadores do PCP vão apresentar, na ocasião, uma proposta referente à alteração de estatutos, na qual focam "questões essenciais para garantir o funcionamento da Carris", segundo o eleito comunista Carlos Moura.

"Entre essas propostas [...] está a criação de um conselho consultivo", assinalou o autarca, recordando que o partido sempre criticou o fim deste tipo de estruturas nas empresas municipais, que, apesar de não terem um parecer vinculativo, se pronunciavam em questões como planos de actividades, orçamentos e relatórios e contas.

Para Carlos Moura "faria todo o sentido isso existir na Carris pelo facto de poder abranger outros concelhos, fazendo com que tivessem uma palavra a dizer", referiu.

"Faria com que as decisões não fossem apenas tomadas por Lisboa, tendo em atenção as opiniões dos concelhos limítrofes", insistiu.

Segundo a proposta do PCP, a que a agência Lusa teve acesso, este organismo seria composto por representantes nomeados pela Assembleia Municipal de Lisboa, pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes, pela Área Metropolitana, pela comissão de trabalhadores da Carris e ainda por um representante indicado por cada um dos municípios abrangidos pelo serviço da rodoviária.

Além deste aditamento, o PCP quer também alterar a definição das receitas da Carris, por considerar que "as empresas participadas [como a Carristur e Carribus] têm de ficar de fora".

O objectivo é, de acordo com Carlos Moura, evitar que estas empresas que integram a rodoviária venham a ser privatizadas.

Assim, o partido pretende que em vez de as receitas da Carris serem apenas definidas como "o produto da alienação de bens próprios e da constituição de direitos sobre eles", se acrescente a excepção de "alienação ou concessão de serviços ou empresas participadas".

No que toca aos princípios de gestão, o documento da maioria socialista estipula que as remunerações dos trabalhadores sejam adequadas à produtividade e ao equilíbrio financeiro da empresa, o que o PCP condena.

"Não se podem atribuir aos trabalhadores as decisões que a empresa toma em termos de gestão, [portanto] não podem recair sobre eles as perdas", sublinhou Carlos Moura.

Vincando que "a estabilidade laboral é essencial", o comunista pretende que isso fique assente nos novos estatutos, de forma a garantir "condições de trabalho dignas".

A Câmara de Lisboa assumiu em Fevereiro passado a gestão da rodoviária - 41 anos depois de a ter 'perdido' para o Estado -, num processo que gerou alguma polémica, após o PCP ter pedido a sua apreciação parlamentar.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela