ONG pedem a Costa fim do confinamento de requerentes de asilo na Grécia
Três organizações não governamentais pediram ao primeiro-ministro a transferência "imediata" dos 15 mil migrantes que se encontram em várias ilhas gregas.
Três organizações não governamentais (ONG) portuguesas juntaram-se num apelo ao primeiro-ministro português para que António Costa, no quadro do Conselho Europeu, apoie internacionalmente o fim da política de condicionamento dos requerentes de asilo nas ilhas gregas.
O apelo está contido numa carta enviada segunda-feira a António Costa pela Amnistia Internacional -- Portugal (AI-P), Serviço Jesuíta aos Refugiados -- Portugal (JRS-P, na sigla inglesa) e Cáritas, hoje divulgada à imprensa, em que as três ONG exigem também a transferência "imediata" para o território continental dos 15 mil migrantes que se encontram em várias ilhas gregas.
"Enquanto representante de Portugal no Conselho Europeu, o primeiro-ministro deve apoiar o fim da política de confinamento que mantém milhares de requerentes de asilo presos nas ilhas gregas, assim como quaisquer medidas da União [Europeia (UE)] que visem ajudar o governo grego a cumprir as suas obrigações de protecção e acolhimento digno e seguro destas pessoas e o acesso adequado às suas necessidades básicas, lê-se no comunicado conjunto.
Segundo as três ONG, milhares de pessoas, incluindo crianças, mulheres sozinhas ou grávidas e pessoas com deficiência, estão "encurraladas e enfrentam condições deploráveis" que "violam os seus direitos e são prejudiciais ao seu bem-estar, saúde e dignidade".
Desde a aplicação do Acordo UE/Turquia, em março de 2016, as ilhas de Lesbos, Chios, Samos, Kos e Leros, tornaram-se "locais de confinamento", sustentam.
"Neste momento, encontram-se cerca de 15 mil pessoas nestas ilhas, 12 mil das quais alojadas em estruturas com capacidade máxima para o acolhimento de cinco mil pessoas", acrescenta-se no documento, em que se adverte também para a aproximação do inverno.
"Com a aproximação do Inverno, o terceiro desde que as chegadas em larga escala à Europa começaram, é evidente que as autoridades gregas não conseguem dar resposta às necessidades básicas e proteger os direitos dos requerentes de asilo, enquanto estes permanecem nas ilhas", frisam a AI-P, JRS-P e Cáritas.
A carta enviada ao primeiro-ministro português surge na sequência de uma campanha lançada por 12 organizações humanitárias europeias congéneres, em que apelam ao fim da política de confinamento e à transferência imediata dos requerentes de asilo para o continente.
Na campanha, as 12 organizações enviaram carta idêntica ao chefe do Governo grego, Alexis Tsipras, e aos embaixadores dos Estados membros da UE na Grécia.
"A inacção e falta de resposta, até ao momento, por parte do governo grego, levaram a que dezenas de organizações humanitárias levassem a cabo outras medidas em vários países europeus, entre eles, Portugal", argumentam, considerando "positivo" o anúncio feito recentemente por Tsipras em transferir cerca de 5.000 migrantes para o continente antes do inverno.
"É positivo, mas ainda não suficiente para aliviar a actual sobrelotação do espaço e, acima de tudo, para resolver os problemas sistémicos criados pela situação de emergência e a falta de condições que afectam milhares de pessoas ainda presas nas ilhas gregas", alertam as três ONG portuguesas e as 12 outras organizações humanitárias internacionais.
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