Novo aeroporto de Lisboa recebido "com surpresa" e crítica no parlamento
Da direita à esquerda, todos os partidos dizem que souberam pela comunicação social os planos do Governo para o novo aeroporto de Lisboa e concordam (por diferentes motivos) que a opção Montijo mais Alcochete é "duplamente gravosa".
Todos os líderes da oposição mostraram-se surpreendidos com as notícias que deram conta que o Governo decidiu avançar com a construção de um aeroporto no Montijo que, mais tarde, será complementado com um outro em Alcochete, de forma a "substituir" o Humberto Delgado.
Ao que se sabe, o Governo está já a negociar com a ANA a construção da segunda infraestrutura em Alcochete e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) vai ficar encarregue de fazer um estudo de Avaliação Ambiental Estratégica.
Na sequência das notícias, Rui Rio garantiu que, à semelhança dos outros líderes parlamentares, soube de tudo através da comunicação social. O líder do PSD não se quis alongar - por estar à frente do partido apenas durante os próximos quatro dias - mas considerou que "o governo anda em zig-zags de todo o tamanho". Mostrou-se ainda perplexo e diz não compreender como será possível esta obra uma vez que envolve uma alteração à lei "porque há dois presidentes de Câmara que inviabilizam o projeto".
"A não ser que tenham na ideia que, como têm a maioria absoluta, que o PS passa por cima de todas as leis e que aprove tudo" afirmou Rui Rio que não se alongou mais sobre o tema.
Já Luís Montenegro, que assumirá a presidência do partido este fim-de-semana, apenas disse à LUSA que também "não foi informado de nada".
Para André Ventura, Pedro Nuno Santos, "mudou de opinião a uma velocidade extraordinária" e mostrou "um grande desrespeito pelo parlamento, pelos portugueses e pelas entidades que estavam a participar neste processo".
Segundo o jornal Observador, a construção de um novo aeroporto implica investimento em infraestruturas de acessos, nomeadamente a construção de uma terceira travessia sobre o Tejo, algo que o líder do Chega considera não fazer sentido um investimento dessa envergadura para algo "provisório".
Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, pediu para ouvir Pedro Nuno Santos por considerar que o Ministro das Infraestruturas tem "explicações a dar" e diz que o governo "decidiu abandonar a avaliação ambiental estratégica que estava em curso", um compromisso que o governo tinha com o parlamento, e onde se propunha a repensar numa solução viável a nível estratégico e ambiental.
O partido mostrou-se novamente contra o avanço obra que consideram ser "um crime ambiental" e que, a comprovar-se, "só mostra que o governo está a brincar com o país, com o parlamento e com o clima".
Também Paula Santos, do PCP, diz que esta resposta "não é credível nem é a necessária ao país". Recorda que o Partido Comunista diz "há décadas" que é "claro que o aeroporto tem de sair da cidade de Lisboa", mas defende que a nova solução tem de passar pelo campo de tiro de Alcochete.
"Isto é um claro exemplo do que era o receio em relação ao chamado rolo compressor da maioria absoluta, porque claramente abriu aqui um caminho para uma opção que tem sido fortemente contestada", garante Inês Sousa Real que considera a decisão "duplamente gravosa" e que vai contra a oposição e as organizações ambientais.
Rui Tavares ironizou dizendo "não estamos a falar de aeroportos, estamos a falar de cogumelos, porque eles não param de crescer" e também criticou o governo por planear "prejudicar o ambiente" com ideia de "no futuro tomar uma decisão mais correta".
Para a Iniciativa Liberal "falta informação" mas é essencial saber que negociações vão ser feita com a ANA e, caso o aeroporto Humberto Delgado seja mesmo encerrado, Cotrim de Figueiredo garante que é fundamental perceber como vai ser gerida a utilização dos terrenos em causa.
O ministro das Infraestruturas deverá falar ao país nas próximas horas mas, de acordo com as notícias avançadas, o plano é que o novo aeroporto esteja concluído em 2035.
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