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Moedas "aumentou em 30% a manutenção" do elevador da Glória?

Rita Rato Nunes 08 de setembro de 2025 às 19:27

Autarca de Lisboa defendeu, em entrevista à SIC, no domingo à noite, que não há "nenhum erro que possa ser imputado a uma decisão" sua e que investimento na manutenção até aumentou no seu mandato. Não é isso que sugere o relatório de contas do Câmara. No caso dos elétricos, verba foi reduzida desde 2021.

"Se alguém provar que Carlos Moedas não deu as condições a essa empresa, que o orçamento dessa empresa diminuiu – que não diminuiu; no meu mandato aumentou 30% - , se alguém provar que essa empresa diminuiu o nível de manutenção aí há responsabilidade política” e, consequentemente, o autarca promete demitir-se. Em entrevista à SIC, na noite deste domingo, dia 7, Carlos Moedas descartou que haja responsabilidade política por assumir na sequência do acidente do Elevador da Glória que vitimou 16 pessoas e fez mais de 20 feridos. "Não há nenhum erro que possa ser imputado a uma decisão do presidente da câmara", concluiu a partir das premissas já citadas.
Carlos Moedas nega responsabilidade no acidente do Elevador da Glória DR
Moedas afirma que o financiamento adjudicado à manutenção dos elevadores cresceu 30% durante o seu mandato, que se iniciou em outubro de 2021 (percentagem esta que já aumentou cinco pontos percentuais em relação ao que o presidente escreveu numa carta aos trabalhadores da Carris, na semana passada, e que o autarca justificou ao  tratar-se do montante total adjudicado à Carris e não apenas aos elétricos). Todavia, mesmo se considerarmos os custos de manutenção globais, os últimos relatórios de contas da autarquia apontam para um aumento de 18,8%. Não de 25% ou de 30%.  Se em 2021 estavam adjudicados 20,73 milhões de euros para esta rubrica; em 2024 o relatório de contas da autarquia refere-se a 24,6 milhões de euros. Se restringirmos a análise à frota de infraestruturas elétricas, em 2021, a Carris recebeu 5,13 milhões para custear a manutenção e, em 2024, foram 4,9 milhões.  Ou seja, no caso dos elétricos, onde se insere o elevador da Glória, o investimento em manutenção não só não aumentou como diminuiu cerca de 200 mil euros. 

Jorge Coelho e a demissão de Entre-os-Rios

Há outra frase de Carlos Moedas, proferida na SIC, a causar estupefação: o presidente afirmou que o antigo ministro socialista Jorge Coelho conhecia "problemas de manutenção" na ponte de Entre-os-Rios antes de esta desabar, em 2001, e que, por isso, se demitiu antes da investigação. O que também não é exato.  Jorge Coelho tinha informação sobre danos no pavimento da ponte de Hintze Ribeiro, mas nada saberia sobre problemas estruturais, ao contrário do que Carlos Moedas sugeriu. "A Estradas de Portugal tinha informado que era necessário repor o pavimento. Caminhei em cima da ponte e constatei que de facto a questão era real, mas estava longe de imaginar que era tão alargada", disse o antigo ministro do Equipamento Social ao jornalista Fernando Esteves, autor da biografia de Jorge Coelho, O Todo-Poderoso.  O relatório da Comissão de Inquérito, citado pelo , aponta que a descida do leito do rio até ao pilar P4, que estava fragilizado por causa da erosão e extração de areias, foi a causa de destruição da ponte, que originou 59 mortes. E não há nada que indicie que Jorge Coelho soubesse disso, como escreve Fernando Esteves, no Polígrafo.
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