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João Soares diz que livro de Mário Soares dá vida ao pensamento do pai

18 de abril de 2017 às 22:36

Portugal Amordaçado foi editado em França, em 1972, quando Mário Soares se encontrava no exílio

O deputado socialista João Soares defendeu hoje que o livroPortugal Amordaçado, de Mário Soares, constitui uma marca histórica da resistência à ditadura e que a sua reedição "dá vida" ao pensamento do seu pai.

João Soares falava no lançamento da reedição pelo semanárioExpressodo livroPortugal Amordaçado, livro da autoria do seu pai, Mário Soares, editado em França em 1972, quando se encontrava no exílio, e que foi publicado em Portugal em 1974 após a revolução de 25 de Abril, numa sessão presidida pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, que tinha ainda na mesa de honra o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.

"Este livro é uma das marcas mais singulares do século XX em Portugal, já que se constitui como uma História da resistência à ditadura", declarou João Soares, numa intervenção em que elogiou o papel do presidente do grupo Impresa e fundador do PPD/PSD, Francisco Pinto Balsemão. "Esta reedição do livro vai dar vida ao pensamento do meu pai. Esta é uma das mais importantes e significativas homenagens que se podem prestar ao meu pai, que queria reeditá-lo", declarou o antigo presidente da Câmara de Lisboa.

Numa nota de humor, João Soares agradeceu a iniciativa do semanárioExpresso: "Depois das edições biográficas de Hitler e Estaline, fizeram muitíssimo bem em lançar o Portugal Amordaçado", referiu, provocando risos na plateia.

Antes, a sua irmã, Isabel Soares referiu que a primeira edição do livro tem a primeira edição dedicada à sua mãe, Maria de Jesus Barroso, e contou uma pequena história quando, em 1972, numa época de censura ao "Portugal Amordaçado", com Mário Soares exilado em Paris, teve de alugar a casa de família em Nafarros (Sintra), a uma jovem família inglesa.

"Depois de entregar as chaves da casa, numa missão discreta, em que não queria ser identificada, a senhora inglesa fez-me um pedido: Não se importa de me arranjar um exemplar do livro do seu pai", disse - uma história que provocou risos na plateia.

Nas primeiras filas da plateia, na Fundação Calouste Gulbenkian, estavam ainda o presidente do PS, Carlos César, o dirigente histórico socialista e ex-candidato presidencial Manuel Alegre, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, os dirigentes socialistas José Manuel dos Santos e Jorge Lacão, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques, e o presidente do Conselho Económico de Social, Correia de Campos.

Já Francisco Pinto Balsemão referiu que conheceu Mário Soares em 1969, quando o antigo Presidente da República regressou do exílio em São Tomé e Príncipe, durante um almoço que foi combinado pelo jornalista, fundador do PS e antigo grão mestre do Grande Oriente Lusitano Raúl Rego.

"Nasceu logo aí uma amizade entre ambos. Depois, a PIDE forjou uma carta em nome de Mário Soares a insultar-me, tentando semear a discórdia entre nós. Mas, com isso, a PIDE só consolidou uma amizade, que veio a ser longa", declarou o antigo-primeiro-ministro.

Na primeira intervenção da sessão, presidida pelo antigo primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão, o presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Artur Santos Silva, classificou Mário Soares como "a principal figura da democracia portuguesa", numa intervenção em que também prestou homenagem a Maria de Jesus Barroso.

A nova edição doPortugal Amordaçado, que foi coordenada pelo jornalista Henrique Monteiro, vai ser gratuitamente distribuída peloExpressoa partir do próximo dia 22, ao longo de sete semanas.

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