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Droga seguia em encomendas dos CTT para todo o País. MP acusa rede de 16

Tomás Guerreiro 05 de dezembro de 2025 às 14:02

Rede enviou droga em encomendas dos CTT para todo o País, forneceu "banca" em Felgueiras e realizou centenas de vendas presenciais em Gaia, Aveiro e Viseu.

O Ministério Público (MP) do Porto acusou 16 pessoas de integrarem uma rede de tráfico de droga que operava em vários distritos do País e que utilizava os CTT como principal meio para distribuição do estupefaciente por todo o território nacional. A rede, alegadamente liderada por Igor S., recorria também às aplicações Telegram, WhatsApp e Teleguard para gerir vendas e contactos com clientes.
Mariline Alves/Medialivre
Através de vários contactos de Telegram, os vendedores distribuíam os menus que tinham disponíveis para venda: “Mercearia”, “Mercearia 2.0”, “Mercearia 3.0” e “Mercearia 4.0”, em Gaia, Aveiro e Viseu. De acordo com a acusação, Igor S., o cabecilha, realizou centenas de transações de droga, vendendo desde gramas até quilos de diferentes produtos, que depois eram enviados em encomendas dos CTT para todo o território nacional. As substâncias comercializadas incluíam cocaína, MDMA, haxixe, canábis e LSD. A investigação refere que as entregas eram feitas para qualquer zona do território nacional. Alguns dos arguidos tinham como função deslocarem-se a lojas dos CTT para expedirem encomendas, a pedido de Igor S. Outras vezes, eram também responsáveis por levantarem envelopes almofadados, alegadamente destinados ao envio de mais produto estupefaciente aos compradores. Um dos episódios descritos na acusação ocorreu a 27 de julho de 2023, quando dois arguidos, Nuno M. e Sónia C., se deslocaram ao balcão dos CTT no centro comercial Gaiashopping, em Vila Nova de Gaia. Aí, entregaram cerca de 19 encomendas para expedição. Pelo menos quatro dessas embalagens foram enviadas para destinatários distintos, mas todas tinham como remetente a empresa “Leça Molduras”, localizada em Leça da Palmeira — que, segundo o Ministério Público, nada teria a ver com a rede, servindo apenas como falsificação da origem das encomendas. Além da vertente digital e do uso intensivo dos CTT, a acusação descreve ainda que a rede distribuía também presencialmente o produto, sobretudo em Vila Nova de Gaia, Aveiro e Viseu. Segundo o Ministério Público, desde pelo menos julho de 2023 que vários dos 16 arguidos atuavam de forma "concertada ou autónoma na compra, transporte, guarda e revenda de estupefacientes". Além das encomendas, elementos do grupo combinavam encontros em zonas residenciais, cafés, garagens e locais predefinidos. Vários consumidores, identificados no processo, confirmaram a compra recorrente de droga aos diferentes intervenientes, descrevendo um circuito de vendas quase diário, envolvendo quantidades que iam de gramas a quilos. De acordo com o Ministério Público, Igor S., o cabecilha do esquema, recorria a múltiplos perfis falsos online, utilizava telemóveis de familiares para evitar interseções e distribuía tarefas a cada elemento: uns armazenavam o produto, outros transportavam-no, outros vendiam-no diretamente e outros ainda serviam de ponte para novos clientes. Paralelamente, através do arguido José M., o grupo fornecia uma "banca" de venda de cocaína e de heroína em Felgueiras, no Porto. O caso segue agora para julgamento no Tribunal Criminal do Porto, com os 16 arguidos acusados de tráfico de estupefacientes e outros crimes associados ao funcionamento da rede.
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