Depois do apagão eletricidade reposta a 100% na Península Ibérica. Espanha descarta ciberataque

Segundo a E-Redes a religação da rede foi feita em cascata (alta, média e baixa tensão) para que fosse possível recuperar mais depressa o fornecimento de energia. 

Na manhã desta terça-feira, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, afirmou que durante a noite não se verificaram perturbações de segurança ou de proteção civil e confirmou que, ao nível da eletricidade, o "País já está ligado, com normalidade". No ponto da situação apresentado pelo Governo foi ainda referido que os aeroportos já estão operacionais, o fornecimento de combustíveis foi normalizado e a situação nos serviços de saúde está normalizada.   

Às 5h00 (4h00 em Lisboa) todas as subestações elétricas de Espanha já tinham energia, avançou a distribuidora Red Eléctrica. A esta altura estava restabelecido o equivalente de 99,95% da procura de eletricidade no território continental de espanhol.  

A empresa responsável pela gestão da rede elétrica de Espanha já descartou a possibilidade de o apagão ter sido provocado por um ciberataque à companhia. Apesar de estar já confirmada que não houve nenhum tipo de intrusão nos sistemas de controlo ainda não é conhecido o que está na causa do apagão.  

O incidente de segunda-feira foi descrito como "absolutamente excecional" que provocou uma falha generalizada de energia, a desconexão das comunicações móveis e fortes perturbações no comércio, indústria e rede de transportes.  

Escolas voltam à "normalidade"

Os estabelecimentos de ensino devem reabrir esta terça-feira e voltar a trabalhar com toda a normalidade, o Ministério da Educação enviou um comunicado às redações onde refere: "Atendendo à reposição de energia elétrica e de fornecimento de água em todo o país durante a noite, os estabelecimentos de ensino devem hoje, terça-feira, reabrir e funcionar com toda a normalidade". 

Também as Universidades portuguesas estão a voltar a abrir portas. A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa já referiu que esta terça-feira as atividades letivas vão retomar à normalidade. A Lusa teve acesso ao email onde a faculdade refere que foi "ultrapassada a situação desta segunda-feira", as aulas estavam suspensas desde as 14h00, mas o campus manteve-se aberto "por uma questão de segurança da comunidade académica". 

Ainda na terça-feira à noite o primeiro-ministro, Luís Montenegro assegurou que o já está garantido o fornecimento de energia a cerca de 80% da população: "Estará mais ou menos assegurada uma taxa de fornecimento a cerca de 80% da população", frisou Luís Montenegro aos jornalistas, à saída de uma visita à Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. 

Para quem tem "a situação normalizada" Montenegro pediu alertou que "devem moderar os consumos, de maneira a não provocarmos nas próximas horas alguma oscilação que possa perturbar fornecimento de energia elétrica". 

Comboios repostos, mas Metro de Lisboa só voltou às 8h38

Já na manhã de terça-feira, a circulação de comboios da Fertagus, que faz a ligação entre a Lisboa e a Margem Sul, foi normalizada às 5h00. A Fertagus referiu que a circulação de comboios foi interrompida pelas 11h30 de segunda-feira por falta de tensão na catenária. 

Já pelas 7h00 a circulação dos comboios urbanos da CP estava também normalizada, na segunda-feira além da interferência do apagão os trabalhadores da CP estiveram em greve, marcada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, que representa revisores de trabalhadores de bilheteiras. 

Ainda assim a manhã continuou difícil para deslocações em Lisboa, uma vez que as estações do Metropolitano de Lisboa (ML) só ficaram repostas na totalidade às 8h38. A circulação não teve início às 6h30 como habitualmente, mas segundo o serviço vai ser reposto em breve e de forma faseada nas quatro linhas, começando pela Linha Azul, que liga a Reboleira e Santa Apolónia. A empresa referiu que existiram alguns constrangimentos em alguns sistemas, que estão a ser acompanhados e intervencionados.

"O Metropolitano de Lisboa teve uma vasta equipa a trabalhar durante a noite de ontem [segunda-feira] e a madrugada de hoje para assegurar a reposição dos sistemas operacionais afetados pela falha generalizada de energia ontem ocorrida", informou o ML em comunicado.

Por outro lado, o Metro do Porto referiu ainda na segunda-feira que ia retomar as operações às 6h00 desta terça-feira.  

Situação normalizada nos hospitais 

O corte generalizado de energia obrigou os hospitais a adiar milhares de consultas, cirurgias e tratamentos que terão agora de ser reprogramados, no entanto os administradores hospitalares asseguraram que a atividade já regressou ao normal.  

Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, disse à Lusa que não foi preciso desmarcar a atividade programada para hoje, mas que será preciso algum tempo para as unidades conseguirem recuperar o que foi perdido na segunda-feira. 

O responsável partilhou ainda que existiram alguns momentos mais difíceis durante o dia de segunda-feira devido à necessidade de reabastecimento de combustíveis para os geradores dos hospitais: "Tínhamos hospitais com 'stocks' mais pequenos e, portanto, com menos capacidade de aguentar os geradores até mais tarde", ainda assim houve uma boa coordenação com as autoridades necessárias para reabastecer. 

Apesar de o dia de segunda-feira ter sido um dia "muito, muito difícil", a resposta "foi satisfatória" pois a situação "não teve impacto nos doentes". 

Voos cancelados e atrasos mantêm-se 

O apagão está a ter ainda impacto nos voos de diversos aeroportos, com Lisboa a ver canceladas várias ligações e a ter atrasos de várias horas nas chegadas e partidas.  

Nas chegadas há atrasos que chegam às quatro horas e vários voos que deveriam ter aterrado hoje de manhã foram mesmo cancelados.  

Pior parecem estar aqueles passageiros que ainda chegaram ontem à cidade de Lisboa, mas que esperam pelas suas bagagens. As bagagens não foram imediatamente desembarcadas no momento das chegadas devido ao apagão e esta manhã foi formada uma longa uma fila de centenas de pessoas entre a zona de chegadas e de partidas, frente ao gabinete de "irregularidades com bagagens/ Perdidos e Achados" para tentarem recuperar os seus pertences.  

No aeroporto do Porto os atrasos são menores, ainda assim foram cancelados pelos menos dois voos esta manhã, um com destino a Bruxelas (9h20) e outro com destino a Newark (12h35).  

 

Notícia atualizada às 12h30

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