Cristas não será candidata à Câmara de Lisboa
A ex-líder centrista desfaz o tabu e exclui-se da corrida a Lisboa, deixando críticas ao discurso "contraditório da direção do CDS".
Assunção Cristas não será a candidata PSD/CDS à liderança da autarquia. Num texto publicado nas redes sociais, a ex-líder centrista e vereadora da Câmara de Lisboa justifica por que motivo se exclui da corrida autárquica — e deixa críticas ao "discurso contraditório da direção do CDS".
"Três razões essenciais pesaram na minha reflexão: a discordância da estratégia do CDS na negociação de uma coligação alargada com o Partido Social Democrata; o discurso contraditório da direção do CDS, que me considera simultaneamente responsável pela degradação do partido no último ano e uma boa candidata a Lisboa, somado ao parco interesse em falar comigo, num tempo e numa forma que fica aquém do que a cortesia institucional estima como apropriado; e os desafios profissionais que tenho pela frente", lê-se na publicação.
Numa decisão que diz fazer "em consciência", apesar de admitir ter "o apoio das estruturas locais do partido", Cristas afirma que "não estão reunidas as condições de confiança necessárias".
A ex-líder centrista acredita que são necessários "um bom programa e uma grande coligação, que junte CDS, PSD, os partidos do espaço político da direita democrática que o desejem, e tenha uma forte presença de independentes". Na opinião de Cristas, o atual presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos ainda "não transpareceu" trabalhar nesse sentido.
É a primeira vez que Assunção Cristas faz críticas em público à atual direção desde que deixou a liderança do partido. Contudo, com as trincheiras das guerras internas do partido bem delineadas, colocando a fação de 'Chicão' frente às de Adolfo Mesquita Nunes (o protocandidato à liderança centrista), sempre se sentiu um certo mal-estar. Essa sensação deu-se logo com a primeira notícia: o semanário Expresso noticiou a intenção de Francisco Rodrigues dos Santos em ter Cristas a encabeçar Lisboa — e terá pedido uma resposta até ao final de janeiro, mês de presidenciais. A resposta da líder foi clara: "Não é tempo para falar de autárquicas".
Cristas termina o texto assegurando que terminará o mandato autárquico. E deixa uma frase enigmática quanto ao seu futuro político: "Se muito há para fazer em Lisboa, também há mais marés que marinheiros."
Edições do Dia
Boas leituras!