César apoia Pedro Nuno Santos e aponta-o como o verdadeiro herdeiro de Costa
O presidente do PS engrossa os apoios de Pedro Nuno Santos na corrida à liderança do PS, que se joga nas diretas dos dias 15 e 16 de dezembro. Para César, Pedro Nuno "é o que esteve e está mais perto da interpretação autêntica desse percurso liderado por António Costa".
Carlos César puxa dos galões de histórico socialista para concluir que Pedro Nuno Santos é, dos três candidatos à liderança do PS, aquele que mais se aproxima do legado de António Costa. Essa é uma das razões que faz o presidente do PS decidir-se pelo apoio a Pedro Nuno Santos e, curiosamente, a questão de quem é o mais costista tem marcado a disputa entre Pedro Nuno e José Luís Carneiro.
Numa nota partilhada com a imprensa, César recupera o papel que Pedro Nuno teve na chegada de António Costa à liderança socialista como "uma presença ativa e influente constante". Na verdade, o apoio do então líder da Federação do PS de Aveiro e de outros jovens turcos, como Duarte Cordeiro, foi essencial para Costa garantir as tropas que o fariam ganhar o partido a António José Seguro.
Pedro Nuno "é um líder distintivo e não um apêndice"
Apesar de vincar que Pedro Nuno Santos "é um líder distintivo e não um apêndice", Carlos César insiste em defender que este é o candidato que melhor poderá seguir o legado de Costa, mesmo que há muito que o atual líder tenha afastado Pedro Nuno do lote de delfins, nos quais incluía Fernando Medina (atual apoiante de José Luís Carneiro) e que tenha escolhido Carneiro para ser seu número dois no PS, enquanto secretário-geral adjunto.
"Com ele, poderemos prosseguir o melhor do trabalho realizado pelos governos de António Costa, mas, saudavelmente, mudando no que há a mudar e inovando no que há a inovar. Com ele, o PS continuará a ser um partido central na sociedade portuguesa, mas reforçado no seu projeto multigeracional", argumenta Carlos César.
César, que elogia também José Luís Carneiro, acaba por deixar implícita uma crítica à linguagem que este tem usado, abusando dos ataques diretos ou indiretos a Pedro Nuno, que tem pretendido colar a uma imagem de radicalismo e impulsividade.
"Tenho apreciado muito positivamente a palavra de Pedro Nuno Santos: fala o mínimo dos seus concorrentes internos e o máximo do País e dos seus adversários externos", escreve César, que vê com "pena" como José Luís Carneiro está, em seu entender, a "ser sitiado pela euforia apologética da maioria do comentariado e dos dirigentes da direita portuguesa".
Os elogios que Carneiro está agora a arrebanhar à direita do PS, acredita César, serão no futuro um calcanhar de Aquiles para o partido, se ganhar a liderança, "tanto mais que nenhum desses novos lisonjeadores o quererá, depois, como primeiro-ministro".
Carlos César opta por afastar a ideia de que Pedro Nuno Santos seja pouco ponderado, preferindo vincar a característica de "fazedor" que em tempos lhe foi atribuída por Carlos Moedas como elogio.
"Nos seus 46 anos de idade, Pedro Nuno combina, a meu ver, as competências e a maturidade que a sua militância cívica e os seus cargos de governo lhe proporcionaram com a sua capacidade de liderança e mobilização do PS. Precisamos, todos o sabemos, de mais determinação, decisão e capacidade realizadora no País, para não perdermos o tempo que nos é proporcionado", defende.
Afastando-se da ideia de que, com Pedro Nuno, o PS perderá "autonomia estratégica" (como defende Augusto Santos Silva), César acha que é à esquerda que os socialistas se deverão posicionar, mantendo aí portas de diálogo abertas. "Precisamos, igualmente, de um partido que não se esconda do lugar na esquerda que é seu, afirmando-se como partido dialogante, mas liderante, como um porto de abrigo da confiança dos portugueses nas suas instituições democráticas".
Para Carlos César, não pode haver aproximações ao PSD nem em termos programáticos nem na viabilização de um governo minoritário social-democrata, sendo essencial que o PS se afirme antes como alternativa clara.
PS é social-democrata, mas não se pode confundir com o PSD
"Somos ‘socialistas-democráticos’, que é exatamente a mesma coisa que ‘social-democratas’; mas… o PS não se confronta com o atual PSD por ser parecido com ele, mas, pelo contrário, por um e por outro abrirem as portas a caminhos diferentes que não são sobreponíveis no tempo e no País em que hoje vivemos e na dimensão democrática que hoje importa recriar e assegurar", diz.
"O PSD que temos é dos piores e mais cínicos PSD que já tivemos. O PS não pode, por isso, se dissolver no centro ou contemporizar com a direita, nem se confundir à sua esquerda falhando a história dos seus compromissos ideológicos, éticos e internacionais, compromissos que, apesar de tudo, foram sempre salvaguardados na experiência de governo que fizemos na Legislatura iniciada em 2015. Pedro Nuno é, nestas dimensões, quem oferece melhores garantias", argumenta o presidente do PS.
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