Secções
Entrar

43% dos portugueses concorda com despenalização da eutanásia

20 de fevereiro de 2020 às 19:00

De acordo com um estudo do Instituto de Ciências Sociais 28% dos inquiridos diz que discorda, mas 22% "tem uma posição intermédia".

Dados de um estudo do Instituto de Ciências Sociais hoje divulgados revelam que 43% dos inquiridos concorda com aeutanásia, contra 28% que discorda, mas 22% "tem uma posição intermédia", segundo a investigadora Ana Espírito Santo.

"Face aos números, se houvesse um referendo, eu diria que está tudo em aberto", concluiu Ana Espírito Santo, do ISCTE-Universidade Técnica de Lisboa, na apresentação de um dos temas do "Estudo eleitoral português – 2019", no Instituto de Ciências Sociais, emLisboa.

O estudo baseia-se num inquérito que decorreu entre 12 de outubro e 19 de dezembro, coordenado por uma equipa do ICS liderada pela investigadora Marina Costa Lobo.

A eutanásia não foi um tema debatido na campanha eleitoral das legislativas de 2019, mas os autores decidiram incluir a pergunta tendo em conta que a matéria foi discutida na legislatura anterior, explicou a politóloga Ana Espírito Santo.

Ainda sobre a eutanásia, o inquérito indicou que os que se posicionam "mais à direita tendem a discordar mais da eutanásia". Já os que apresentam "um nível de educação mais alto" e os mais jovens "tendem a concordar mais" com a eutanásia.

Não foram reveladas diferenças em função do sexo em relação a este tema, adiantou a investigadora.

De acordo com Ana Espírito Santo, enquanto nas eleições legislativas anteriores, em 2015, a maioria dos cidadãos "estava sobretudo preocupada com o desemprego e a situação económica, nos meses que antecederam as eleições de 2019, verificou-se uma maior dispersão por vários temas, embora a saúde e a segurança social tenham tido algum destaque".

Do lado dos partidos, foi dada relevância a temas que não estiveram tão presentes em 2015, como a corrupção, o ambiente e a imigração, entre outros, disse.

O estudo, que visou perceber as atitudes dos eleitores relativamente aos temas da campanha das legislativas de 2019, revela que em relação ao ambiente "cerca de metade" dos cidadãos inquiridos dispõe-se a protege-lo ainda que isso implique um aumento de impostos sobre os combustíveis fósseis ou que acarrete uma redução do crescimento económico.

Quanto à corrupção, o estudo revelou uma "posição generalizada em relação à difusão da corrupção entre os políticos", sendo que a "maioria acha que práticas de corrupção estão muito (40%) ou razoavelmente (33%) difundidas entre os políticos", disse, indicando ainda que entre os que partilham esta opinião, "os eleitores do PSD estão sobre representados face aos do PS".

O inquérito incidiu ainda sobre as opiniões face aos imigrantes e às minorias, sendo que 56% considerou que os imigrantes "são bons para a economia portuguesa".

"As opiniões em relação às minorias são ainda menos benevolentes", assinalou, com 67% dos inquiridos a considerar que as minorias "se devem adaptar aos costumes e tradições portuguesas e perto de metade a considerar que a vontade da maioria deve sempre prevalecer".

O universo dos inquiridos abrange cidadãos portugueses com idade igual ou superior a 18 anos, com capacidade eleitoral ativa e residentes em Portugal, selecionados com base na morada. No estudo, que visa traçar o retrato do eleitor português nas legislativas de 2019, foram inquiridas 1500 pessoas sobre atitudes políticas, populismo, identificação partidária, perceções sobre o contexto económico e político e a Europa.

As eleições de 06 de outubro deram a vitória ao PS, que formou governo minoritário, com 36,3% dos votos e a eleição de 108 deputados. O PSD foi a segunda força política, obtendo 27,7% e 79 deputados.

O BE foi a terceira força mais votada, com 9,5% e elegeu 19 deputados, o PCP 6,3% e 12 deputados, o CDS-PP 4,% e cinco eleitos, e o PAN 3,3 e elegeu quatro parlamentares.

As legislativas de outubro ficaram marcadas pela entrada de três novas forças políticas no parlamento, que elegeram um deputado cada uma: o Livre, a Iniciativa Liberal e o Chega.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela