Envelhecer é romântico para quem vê de fora, e duro para quem vê de dentro. Os casos de velhices felizes são miragens, por isso é que se partilha tanto quando se descobre uma história dessas, como se alguém tivesse fintado o mundo.
Na melhor das hipóteses, vamos todos envelhecer. Se tudo correr bem chegamos a velhos, e depois morremos. Escrito assim pode não parecer, mas esta é a versão boa. Não é uma versão que pareça particularmente feliz, mas até agora é a melhor que temos. Se conseguirmos chegar até velhos, estamos a falar de uma vida longa. Fazemos sempre as contas por alto, quando pensamos no futuro. “Quando for velho” é uma aposta que fazemos com o destino, na esperança de ganhar. A nossa arrogância faz com que olhemos para os 50 anos como a “meia idade”, o meio caminho de alguma coisa, sonhando às escondidas que vamos durar até aos 100 anos. É provável que isso não aconteça, que o nosso corpo nos traia antes disso, e nos roube anos que íamos jurar que eram nossos. Primeiro fazemos planos de filhos, e depois de netos, não pensando por um minuto que esses planos são a nossa distracção contra a nossa maior fraqueza: a de não controlarmos absolutamente nada, e de esses projectos serem só uma manobra para afastar a suspeita de dias maus com a esperança de dias bons. Nunca sonhei os 100, sempre fiz planos para uma vida que me levasse até aos 80 anos. É possível que já esteja a querer muito mais do que a minha conta, mas como a minha avó Maria morreu aos 82 anos, imagino sempre aquela que teria sido a melhor idade para ela morrer antes de começar um longo e escusado caminho de sofrimento, e essa idade teria sido os 80. Subtraí esses dois anos de dor, e desenhei para mim uma vida autónoma, sem sofrimento, e que terminará a tempo de o meu corpo estar no domínio de todas as suas funções, e a cabeça lúcida e presente. As minhas contas mudaram há pouco tempo, porque o meu pai – agora com 81 anos – está em surpreendente boa forma. Portanto, já ganhei um ano em relação às minhas contas iniciais. Mas essas contas não são minhas por inteiro, são contas de quem acha que sabe da matemática da vida, e que não tem em conta o incerto – mas certo – fim que está sentado à nossa espera.
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