Sábado – Pense por si

Saragoça da Matta
Saragoça da Matta Advogado
26 de outubro de 2024 às 10:00

Vamos a um Teste Genético?

Os portugueses ainda mentalmente sãos estão conscientes de que são há centúrias uma miscelânea de genes de "todos os lados".

Portugal tem a sua base racial assente numa genética comprovada: a sua população "caucasiana" resulta de uma ancestral miscigenaçãoeuro-africanae dopróximo e médio oriente. E quanto ao "africana", não é apenas daquela a que ainda aprendi a chamar de "África branca". É também da África mais central, da zona em que hoje encontramos o Níger e o Chade. A antigamente denominada de "África negra". E, post-início dos Descobrimentos, de toda a África de onde vieram populações para Portugal (como vê, caro Leitor, não me preocupa o vigente discurso woke).

Quero com isto dizer que com um teste genético de ancestralidade minimamente profundo, com bases científicas, descobrimos que essas origens são as minhas, são as suas, caro Leitor caucasiano, bem como as de todos os demais "brancos" (julgo que não será pecado, para o wokismo, usar esta palavra), estejam eles de que lado estiverem das barricadas raciais inusitadamente exacerbadas no primeiro quartel deste novo Século, e, em especial, nesta semana, com momentos de violência inaudita e totalmente inadmissível.

Desculpe, Leitor, se o perturbo. Leia só um pouco mais. Mesmo que o meu amigo seja branquinho, até rosado, com olhos azuis ou mesmo cabelos loiros, esteja certo de que tem lá bem escondido no fundo dos seus genes, além dos que lhe chegaram da Europa do norte, eventualmente, também uns que lhe chegaram da antiga Pérsia, do Egipto, da Argélia, e, quem sabe, até do Chade, ou ainda de mais além, a Oriente.

Talvez o Leitor se tenha esquecido da história do Iraquiano Omar Al Borkan Gala, morador nos EAU, e preso na Arábia Saudita pela Polícia Religiosa por ser "demasiado irresistível" para as mulheres. Confira na internet, hoje a melhor base de dados mundial (até para o disparate), a cor da pele e dos olhos de Gala, e pergunte-se: não poderia ser Italiano? Espanhol? Português? Podia! Por mero acaso, era Iraquiano.

Recorda o Leitor, das suas aulas de história, que o Império Grego se estendia da Trácia até à Pérsia, passando pelo que hoje é a Turquia e Israel, abrangendo ainda boa parte do Egipto moderno? E nesses Impérios Antigos, por maiores que fossem as proibições de misturas de raça, de classe social, de religião, pode alguém pensar por um minuto que não nasceram milhões de seres miscigenados, que circularam pelo continente "europeu"? Espalhando genes árabes, africanos, e até mais longínquos, por todos nós?

Sim, meu Leitor. Todos, em Portugal, temos "sangue" que pode vir do Médio Oriente, da África do norte ou central, dos Países Eslavos, dos "bárbaros" do Norte. E talvez haja mais probabilidade de termos primos genéticos na Turquia, em Marrocos, ou no Egipto, do que na Noruega, na Finlândia ou na França.

Nós, os brancos, contudo, estamos agora a ser postos como alvos parados de tiros por agora verbais. E quem os dispara não são os Portugueses de etnia negra, hindu, turca, ou qualquer outra. Quem os dispara são movimentos extremistas, populistas, perigosos, ligados ao submundo do Crime organizado. Fazem-no cavalgando desgraças sociais para criar uma guerra que, sendo só deles, nos põe, a todos nós com diferentes cores de pele, no circo da possível mortandade.

Aquilo a que temos assistido nos últimos dias não é a guerra de libertação da etnia africana contra o jugo da etnia europeia. Não é! Pois os portugueses ainda mentalmente sãos estão conscientes de que são há centúrias uma miscelânea de genes de "todos os lados".

Mas se há característica marcante da nossa Pátria quase milenar, é a de que nós, os portugueses, não nos guerreamos, não nos destruímos, nem nos matamos. Não é da nossa natureza!

Cautela, pois, se alguns aproveitadores, de diversas origens, umas políticas e, outras, ainda mais perigosas, criminais, não se estão a aproveitar de uma fatalidade lastimável (quantas vezes acontece o que não podia ter acontecido), para minarem as bases do Estado de Direito democrático que conseguimos construir há 50 anos, e de uma Pátria que juntos erigimos há quase 900 anos.

E nova cautela: não é meramente feio, pecado, ou ilícito, aquilo que se tem visto nas redes sociais e nalgumas ruas de Portugal, bem como em alguns discursos político-partidários. São crimes!

A Lei ainda diz que quem publicamente incitar habitantes do território português (…) à guerra civil ou à prática por meio de violência ou ameaça de violência, de actos tendentes a destruir, alterar ou subverter o Estado de direito constitucionalmente estabelecido, deverá ser encarcerado.

E também será encarcerado quem constituir organização ou desenvolver atividades de propaganda que incitem ou encorajem ao ódio ou à violência contra pessoa ou grupo de pessoas em razão da sua origem étnico-racial, origem nacional ou religiosa, cor, nacionalidade, ascendência, território de origem… O mesmo valendo para quem participar nessas organizações ou nas atividades por elas empreendidas ou lhes prestar assistência, incluindo o seu financiamento.

Caro Leitor, afaste-se disto: não se esqueça que tão ladrão é o que vai à vinha como o que fica ao portão!

Texto escrito segundo o anterior acordo ortográfico

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