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Miriam Assor
13.11.2025

Incompreensível

O jornalismo não alimenta isto ou aquilo só porque vende ou não vende. As redações distanciam-se completamente de uma registadora. A igreja, logicamente, isenta-se de alimentar algo que lhe é prejudicial.

Pode acontecer a qualquer criatura mais distraída, o padre José Augusto Oliveira tem razão. A paróquia de Silva Escura encontrava-se nesse estado agudo de distração quando abriu a porta para serem ostentadas suásticas e vénias a Hitler. Pensava José Augusto Oliveira que tocar-se-ia rockalhada no salão paroquial. O que seria um lindo e santo concerto de música era um evento musical com ideologia neonazi, organizado pelo Blood & Honour, uma rede internacional e uma organização de cariz neonazi, racista e xenófobo. Não sabia. O padre José Augusto Oliveira. A reserva foi feita através de uma empresa. Qual? Nome? É como o confessionário; a boca passa a tumba. Compreende-se por metade. Tudo parecia normal. Parecer não é irmão de ser, mas nem o diabo lembrar-se-ia de trazer acéfalos num ponto do mapa tão pequeno no concelho da Maia. Deu-se a cedência do espaço e o procedimento de pagamento manteve-se o tradicional: uma oferta para ajuda das obras. 

Compreendite, como diria Vasco Santana. José Augusto Oliveira, compreende que Micael Pereira e Hugo Franco, os competentíssimos jornalistas do Expresso que trouxeram a público a notícia, tenham interesse em "alimentar a coisa, porque, como disse, isso vende, não é? Mas nós — nós, Igreja — não temos interesse em alimentar esse peditório, percebe?". Com a devida licença, alimentar a coisa é uma infeliz opção gramatical. A coisa não é coisa. É tema, assunto, informação, verdade, e por aí adiante. O jornalismo não alimenta isto ou aquilo só porque vende ou não vende. As redações distanciam-se completamente de uma registadora. A igreja, logicamente, isenta-se de alimentar algo que lhe é prejudicial. Afinal de contas, na sala da paróquia esteve um dos grupos de extrema-direita mais violentos e perigosos a nível global e direita e defensor do nazismo. Não precisou invadir as portas da paróquia, entrou com consentimento do padre da paróquia. Para a próxima, se houver, é urgente fazer rastreio antes de dar o amém a quem, no fim, ajuda nas obras, e, num instante, é capaz de destruir o edifício ao meio.

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