Precisamos de mostrar a nossa presença, não com palavras mas com acções. Precisamos de gente comum que nos seus bairros e comunidades fazem já a diferença.
Podemos apontar todas as razões e mais algumas para perceber o que se passou no dia 18 de Maio. Podemos achar que os outros estão errados ou em lutas contraproducentes. Mas a verdade não deixa de ser uma: a esquerda perdeu o voto dos descontentes e não inspirou a população com nenhum projeto. A esquerda fala cada vez mais para dentro e pouco para o povo como fez no pré e pós 25 de Abril, em que estava na rua. Desistiu de as tomar, de andar nos bairros, de conquistar as cidades e de investir no interior. Desistiu de ouvir, de escutar. Tornou-se obsoleta desonrando toda a história da esquerda no nosso país. Passou a ser reativa em vez de proactiva. E é claro que as pessoas preferem o original à fotocópia. Neste momento, apenas 6 anos após a gerigonça, a direita tem as duas principais cidades do país, o governo das regiões autónomas e nacional, a presidência da república, os investidores externos e internos, projectos de comunicação social e mais de dois terços do parlamento, com poder para mudar a própria constituição. Já a esquerda acaba por ter sindicatos a definhar, pouca ou nenhuma presença nos órgãos de comunicação social e redes sociais e cada vez menos presença na rua. Não há milagres se as pessoas não nos vêem, nem entendem a nossa mensagem.
As razões para isto ter acontecido são diversas, mas nem por isso simples de reverter. Toda a gente procura explicar porque aconteceu, toda a gente tem razão no dia 19 de Maio depois de acontecer. Mas pouca gente fez para evitar, e pouca gente faz para não voltar a acontecer. E é aqui que entramos e que temos efetivamente poder. É no presente. E enquanto se discutem novas lideranças, reflexões e jogos políticos parlamentares,continuamos longe e bem longe das pessoas. Mostrar amor não é o mesmo que dizer o que é o amor. Dar esperança não é o mesmo que dizer para termos esperança. Inspirar e liderar não cabe apenas num vídeo de 7 segundos para o tiktok nem numa entrevista com o Guilherme Geirinhas (apesar de gostar muito do formato e declarando o meu conflito de interesse) onde dizermos qual é a nossa música preferida e onde tentamos parecer pessoas como os outros. Porque os políticos tornaram-se efetivamente pessoas diferentes, não representativas do dia-a-dia de uma pessoa. Temos políticos profissionais, muitas
vezes sem terem passado por qualquer experiência fora da política, a dizerem como é que o país funciona e deve funcionar. Muitos deles a viverem em 30km2 do território. Quando as elites políticas se afastam, deixam de representar quem as deve legitimar. O "não passarão" virou um "já passaram e continuam a passar". A extrema-direita atinge o seu máximo de eleição para eleição, e a estratégia tem de ser diferente. Não é preciso apenas factos para
derrotar a extrema-direita, também é preciso acção. E uma ação decisiva e coordenada. Que inspire e traga de volta a esperança ao país. Há uma sensação generalizada de abandono que alimenta todo o ódio e no qual se aproveitam os oportunistas.
Mas podemos dar a volta. Como tantos o fizeram no passado. Para isso precisamos de dar um passo à frente, mostrar a nossa presença, não com palavras mas com acções. Precisamos de gente comum que nos seus bairros e comunidades fazem já a diferença. Precisamos de rostos que não venham apenas com slogans, mas com prática, com ética e com a autoridade de quem já teve impacto. Pessoas reconhecidas pelos seus. Um movimento partidário e não partidário mas profundamente político no sentido mais nobre da palavra. Que traga o dinamismo e energia que está a faltar à esquerda. Que não tema a complexidade dos tempos, mas a enfrente com inteligência colectiva. Que escute! Que se organize localmente e como assembleias abertas, redes de apoio, plataformas de intervenção cívica por todo o território. Que traga pessoas de volta para a política não por serem "anti-sistema", mas por serem pró-comunidade e pró-democracia. Façamos em conjunto. O tempo de ficar à espera já passou, é tempo de organizar e mobilizar.
A esquerda esqueceu-se de que a política começa nas escolas, nos hospitais, nos mercados, nos cafés. E quantos mais tivermos nestes sítios, mais musculada será a nossa Democracia. A extrema-direita nasce e cresce quando as pessoas são abandonadas e se sentem sozinhas, a esquerda cresce precisamente com a união e sentido de comunidade. Neste momento crítico saibamos deixar os palanques e passemos à participação, com menos promessas e mais presenças. Menos ódio e mais futuro.
A questão passa sempre por garantir que as regras e leis estão a ser também transpostas para o mundo digital. Sabemos bem que a maioria destes comentários feitos
fora destas redes sociais trariam consequências legais para estes indivíduos. No entanto, nem sabemos sequer quem os escreve.
São estes os nomes das pessoas que ativamente procuram lucrar com o ódio, a polarização e que atiram areia para cara dos portugueses com falsos problemas. Mas não são só estes nomes que são responsáveis pela deriva antidemocrática, racista e xenófoba que acontece no nosso país.
Uma pessoa que vem da população para a política e que passou por todos os problemas que hoje tenta resolver. Um muçulmano apoiado por judeus. Tudo na sua história parece indicar pouca probabilidade de atingir o sucesso, especialmente no contexto financeiro americano, mas cá está ele.
Se o tema associado à sustentabilidade das próximas gerações sempre teve como prioridade o aspecto ambiental do planeta, cada vez mais parece ser apenas a ponta do iceberg.
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Brigitte e Emmanuel nada têm a ganhar com este processo que empestará ainda mais a atmosfera tóxica que rodeia o presidente, condenado às agruras políticas de um deplorável fim de mandato
Esta ignorância velha e arrastada é o estado a que chegámos, mas agora encontrou um escape. É preciso que a concorrência comece a saber mais qualquer coisa, ou acabamos todos cidadãos perdidos num qualquer festival de hambúrgueres