A crise climática não é uma questão partidária. À semelhança das crises da habitação e da saúde que vivemos no nosso país, esta representa um problema central.
A crise climática não é uma questão partidária. À semelhança das crises da habitação e da saúde que vivemos no nosso país, esta representa um problema central e que tem que ser endereçado com urgência por todo e qualquer governo, independentemente da sua orientação política.
Desengane-se quem acha que este é um tema exclusivo da esquerda. Na Europa, vemos a Comissão Europeia e o Parlamento, encabeçados por mulheres de centro-direita a fazerem da crise climática uma das suas principais prioridades de governação, colocando-a no centro da agenda política. Nos Países Baixos, país historicamente aclamado como liberal e que atravessa igualmente uma crise de habitação sem precedentes, este tema tem estado no centro da discussão em todas as áreas da sociedade nos últimos anos. A sua abordagem pioneira em muitos temas relacionados com as alterações climáticas tem servido até de mote para replicar boas políticas ao nível europeu. Num país que corre o risco de desaparecer com a subida do nível médio das águas do mar, ignorar a emergência da crise climática pode ter consequências devastadoras.
Por sua vez, no nosso país, a crise climática ainda está longe de estar no centro do debate político. Apesar da seca extrema que se tem vindo a acentuar nos últimos anos, dos incêndios florestais cada vez mais frequentes ou até mesmo das temperaturas insuportáveis durante o Verão este tema ainda não tem maturidade política capaz de competir com outros temas centrais em Portugal. Nas últimas semanas, o espaço mediático que serviu o período pré-eleitoral foi dedicado principalmente a temas como a habitação, emigração jovem, serviço nacional de saúde ou impostos, reforçando as mesmas ideias debate após debate.
Por isso, várias perguntas permanecem sem resposta: como combater a crise da habitação ao mesmo tempo que colmatamos a pobreza energética? Como garantir uma transição verde capaz de proteger a população mais vulnerável? Como garantir soberania agrícola e evitar o aumento dos preços dos alimentos? Como assegurar que as cidades do litoral estão preparadas para se adaptarem a subida do nível médio das águas do mar?
O papel dos media tem contribuído para esta falta de respostas. Nos 30 debates realizados pelos partidos políticos com assento parlamentar, poucas foram as perguntas feitas pelos moderadores relacionadas com as alterações climáticas e com a necessidade de as enfrentar através da ação política. Construção de aeroportos, ferrovia e produção de energias limpas foram alguns dos temas mencionados, embora superficialmente. Os artigos de opinião, as redes sociais e os outdoors têm sido os principais veículos de alerta para esta problemática, enquanto que os media tradicionais e a maior parte dos líderes partidários têm ignorado deliberadamente estas tentativas de trazer o tema para estas eleições.
Não nos iludamos: é necessário coragem para endereçar esta crise em plena corrida às urnas. É também preciso coragem para implementar medidas de adaptação e mitigação. E essas medidas podem não gerar resultados visíveis num mandato de quatro anos, condicionando as possibilidades de reeleição. Faz parte dos riscos a enfrentar para aqueles que desejam mudar o paradigma das soluções de curto prazo em Portugal.
Apesar dos desafios, é essa coragem que poderá garantir estabilidade política para aguentar com as sucessivas crises de seca que se avizinham. É essa coragem que pode conseguir responder de maneira eficaz à possibilidade de eventos climáticos extremos. É essa coragem que pode determinar se temos um país resiliente para responder aos diferentes cenários climáticos possíveis. É essa a coragem necessária para enfrentar uma crise sem ideologia política.
Na falta de debates esclarecedores em relação a este tema, procurem essa coragem nos programas eleitorais e nos candidatos do partido que querem que vos represente, independentemente da sua cor política.
Depois do verão mais quente de sempre e dos mais recentes tsunamis geopolíticos, que têm comprometido a estabilidade global e os compromissos internacionais para o combate às alterações climáticas, esta organização traz consigo uma vontade redobrada de fazer cumprir os compromissos portugueses quer ao nível nacional e internacional.
Este descuido permitiu que os oligarcas da era digital minassem os sistemas económico e político, enquanto que a União Europeia tenta agora recuperar a autoridade que lhe escapou por entre os dedos.
As imagens apocalípticas dos incêndios parecem, assim, uma premonição do caos que se avizinha, especialmente tendo em conta que acontecem mesmo antes da tomada de posse de Donald Trump, um dos mais notórios promotores do negacionismo climático a nível internacional.
As odes de revertermos a situação climática para onde caminhamos parecem cada vez mais escassas e o aproximar do final da década deixa-nos cada vez com menos tempo.
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