Durante os anos sombrios da ditadura, a cultura era subjugada pelo forte controlo do regime. Não era possível cantar livremente e a arte era uma afronta ao poder instalado pois podia desenvolver a capacidade crítica de um povo oprimido.
A história de um país é contada não apenas por seus eventos políticos e económicos, mas também pelas expressões culturais que emergem na sociedade. Sabemos que a cantiga foi uma arma e por isso cantamo-la repetidas vezes durante as celebrações do 25 de abril. Através da música, materializamos a revolução e eternizamos hinos que fazem parte da memória coletiva de um povo.
Durante os anos sombrios da ditadura, a cultura era subjugada pelo forte controlo do regime. Não era possível cantar livremente e a arte era uma afronta ao poder instalado pois podia desenvolver a capacidade crítica de um povo oprimido. Por isso mesmo, a cultura era propagada clandestina, pelas entrelinhas dos livros e pelos versos não cantados era uma verdadeira forma de resistência.
A Revolução dos Cravos trouxe consigo o reconhecimento da cultura enquanto direito fundamental consagrado na nova constituição, sendo o estado um dos promotores do seu acesso. Para além dos direitos sociais, ambientais e económicos, a cultura passou a ser encarada como um pilar fundamental do desenvolvimento da democracia. De facto, esta pode fomentar a participação ativa na vida pública, desenvolver o pensamento crítico e promover a integração social. Faz parte da identidade de um povo e contribui para as suas crenças e valores partilhados.
Apesar desta importância inegável, a cultura continua a ser fortemente desvalorizada em Portugal. Mesmo tendo liberdade para pensar e dar asas à nossa criatividade, essas asas são muitas vezes cortadas.
Durante décadas assistimos a um esquecimento das políticas públicas em relação à cultura, dificultando a sua promoção e o seu acesso. Assim, em vez de cumprir o seu propósito de aproximar os cidadãos e fazê-los participar livremente na vida pública, a localização geográfica onde nascemos e a capacidade económica condiciona o acesso a oportunidades culturais, excluindo socialmente grande parte dos cidadãos. A cultura tornou-se um luxo e não um direito fundamental. O seu acesso não é livre nem democrático.
Por um lado, artistas são muitas das vezes trabalhadores precários e obrigados a deixar a promoção da sua arte para segundo plano. Tal reduz inevitavelmente a qualidade do seu trabalho e aumenta a dificuldade em divulgá-lo em diferentes locais. Ao mesmo tempo, os espectadores ficam reféns da oferta existente, condicionando a sua educação cultural e o gosto pelas diferentes formas de arte, deixando também o ensino artístico apenas à disposição para alguns. O centralismo português, torna este acesso ainda mais elitista, sendo a capital o principal palco da cultura portuguesa e ficando o interior do país com uma oferta reduzida, atrofiando o próprio desenvolvimento artístico dos cidadãos.
Assim, para cumprir-se a democracia e a constituição, precisamos de olhar para a cultura como o direito fundamental que ela representa. É necessário mais financiamento público, apoio aos produtores de cultura e promoção das atividades culturais ao nível local. Os cidadãos, nomeadamente os artistas têm que ser envolvidos no desenho dessas políticas. As câmaras municipais das diferentes regiões devem ser dotadas de meios para garantir um maior acesso a qualquer pessoa, independentemente da sua capacidade económica.
Hoje sabemos que a cultura é uma arma e pode ser revolucionária para o desenvolvimento das comunidades. Que nos 50 anos do 25 de abril nos lembremos do que isso representou e saibamos valorizá-la.
Depois do verão mais quente de sempre e dos mais recentes tsunamis geopolíticos, que têm comprometido a estabilidade global e os compromissos internacionais para o combate às alterações climáticas, esta organização traz consigo uma vontade redobrada de fazer cumprir os compromissos portugueses quer ao nível nacional e internacional.
Este descuido permitiu que os oligarcas da era digital minassem os sistemas económico e político, enquanto que a União Europeia tenta agora recuperar a autoridade que lhe escapou por entre os dedos.
As imagens apocalípticas dos incêndios parecem, assim, uma premonição do caos que se avizinha, especialmente tendo em conta que acontecem mesmo antes da tomada de posse de Donald Trump, um dos mais notórios promotores do negacionismo climático a nível internacional.
As odes de revertermos a situação climática para onde caminhamos parecem cada vez mais escassas e o aproximar do final da década deixa-nos cada vez com menos tempo.
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Agora existem os neo-fascistas. E Steve Bannon é um deles. E a sua influência global é enorme. E em Portugal os seus discípulos não se encontram apenas no Chega.
Para perceber se uma pessoa gosta de si ou não, perceba se ela quer estar ou não perto de si. Outra pista é o tempo que demora a responder a uma mensagem, email ou chamada, o tempo indica a importância que tem para essa pessoa.