E prontos, lá chegou a chuva, e agora é estender a roupa na cozinha e esperar que seque. Diz que faz falta, prontos. A bem dizer, está no tempo dela. É que isto de não chover também dá cabo da agricultura. Mas quem diz que gosta deste tempo assim é porque nunca teve uma entrada de uma escada para lavar, benza-as Deus. Mas também digo já: a verdade é que eu não trocava a minha vida com a de ninguém, que sei bem que o dinheiro não traz felicidade nenhuma. Não vou mais longe que aqui da escada: é vê-los todos, com bons ordenados, andarem por aí chateados que nem uns perus. Mais até as mulheres, parece-me. E como se não tivessem já problemas que chegassem, agora está na moda esta coisa de querem os empregos que são dos homens. Acho mal. Então se a gente pode andar com a cabeça mais descansada, porque é que havemos de ir arranjar lenha para nos queimarmos? Uma casa já dá muito trabalho a governar, que não pode ser bacalhau com grão ao almoço e ao jantar, e as camisas não se passam sozinhas. Não precisamos ainda de ir meter o nariz onde não somos chamadas.  Não gosto de ver uma mulher na política, prontos. E assim como assim, já que ganhamos menos que os homens, é deixá-los lá a eles com esses sarilhos e esses trinta e uns. Para isso não me convidem, que já me dá muito trabalho escolher uma bata para cada dia da semana.

Cada macaco no seu galho, mal comparado

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