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Nicolás Maduro chama "bruxa demoníaca" à vencedora do Nobel da Paz

Lusa 13 de outubro de 2025 às 08:38
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"Cerca de 90% da população rejeita a bruxa demoníaca da sayona", disse o presidente venezuelano, referindo-se a María Corina Machado.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chamou "bruxa demoníaca" à líder da oposição María Corina Machado, que na sexta-feira foi distinguida com o Prémio Nobel da Paz 2025.

Nicolás Maduro critica María Corina Machado, vencedora do Nobel da Paz
Nicolás Maduro critica María Corina Machado, vencedora do Nobel da Paz EPA

Sem mencionar nem o nome de Machado, nem o prémio, o Presidente disse no domingo que "cerca de 90% da população rejeita a bruxa demoníaca da 'sayona'".

O Governo utiliza frequentemente esta expressão, 'sayona', um espírito vingativo presente nas lendas venezuelanas, para se referir à lider da oposição.

No sábado, María Corina Machado elogiou a postura dos Estados Unidos, que classificou como um fator-chave no isolamento do governante venezuelano, frisando que “a posição firme” do Presidente Donald Trump e do Governo norte-americano “de desmantelar os cartéis de droga mudou completamente a dinâmica”.

Os Estados Unidos enviaram navios para o mar das Caraíbas, alegadamente para combater o tráfico de droga através da Venezuela. Washington acusa ainda Maduro de liderar um cartel ligado ao tráfico.

"Queremos a paz e tê-la-emos, mas uma paz com liberdade, com soberania", respondeu Maduro.

O Presidente ordenou a formação de "brigadas de milícias" de povos indígenas da América do Sul para defenderem "se necessário", a Venezuela, face aos movimentos militares dos Estados Unidos no mar das Caraíbas, que Maduro descreveu como uma ameaça"

O chefe de Estado, que liderou um evento em Caracas no Dia da Resistência Indígena, afirmou ter "recebido cartas de vários povos indígenas" das Américas que estão "dispostos a lutar para defender a República Bolivariana da Venezuela".

Maduro ordenou a Orlando Romero, comandante-chefe da Milícia Bolivariana, partes das forças armadas venezuelanas, que aprofunde e acelere "a expansão" da "milícia indígena em todos os territórios do país".

"Se querem a paz, preparem-se para a conquistar com unidade popular-militar-policial, com unidade nacional permanente. A ordem está dada: conquistem a paz, exerçam a soberania permanente no nosso território e mares e defendam o direito à vida", acrescentou Maduro.

No sábado, María Corina Machado disse que o “próximo prémio será a liberdade” do país, depois de dedicar aos compatriotas o Prémio Nobel da Paz 2025.

Num vídeo que partilhou nas redes sociais, a ex-deputada afirmou que o prémio é “para aqueles que nunca desistem” e “escolhem a liberdade como caminho para a paz, quando tudo os empurra para o ódio”.

Machado, que permanece há mais de um ano na clandestinidade, dedicou também o prémio àqueles “que resistem sem ódio, que suportam a fome, o medo e o silêncio, mas nunca deixam de acreditar”.

Numa entrevista ao jornal argentino La Nación, a líder da oposição afirmou que o prémio “tem um impacto muito importante" no regime de Caracas, que percebeu "que Maduro está absolutamente isolado e tem os dias contados".

O Comité Nobel norueguês, com sede em Oslo, anunciou na sexta-feira Machado como a vencedora do Prémio Nobel da Paz 2025 “pelo trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e pela luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.

Bons costumes

Um Nobel de espinhos

Seria bom que Maria Corina – à frente de uma coligação heteróclita que tenta derrubar o regime instaurado por Nicolás Maduro, em 1999, e herdado por Nicolás Maduro em 2013 – tivesse melhor sorte do que outras premiadas com o Nobel da Paz.