Apesar do líder do Chega não se ter colocado do lado de Le Pen, a líder da direita radical francesa disse ter sido uma vítima de manipulação como Ventura.
A líder da direita radical francesa Marine Le Pen prometeu uma "batalha pacífica e democrática" contra a condenação em França por desvio de fundos, num discurso transmitido em vídeo no congresso da Liga italiana, de Matteo Salvini. E disse que era uma vítima de uma tentativa de manipulação como tinham sido Salvini e o líder do Chega, André Ventura, dois dos seus parceiros no grupo "Patriotas pela Europa" do Parlamento Europeu.
EPA/THOMAS SAMSON / POOL MAXPPP OUT
"A nossa batalha será como a sua (Salvini), pacífica e democrática, e podemos dizer que o exemplo vem de Martin Luther King, que falou dos direitos civis. E são os direitos dos franceses que estão a ser postos em causa", afirmou Le Pen invocando o líder do movimento civil norte-americano. A líder da direita mais cconservadora francesa classificou a sua condenação como "um ataque perpetrado pela justiça contra os dirigentes que protegem o seu país e a sua soberania".
"O ataque é muito violento e afeta todo o povo francês. Não é apenas o meu futuro que está em jogo, mas o do país, do povo francês, que não poderá eleger ou votar num candidato que deseja para dirigir o nosso país, uma vez que eu já era a favorita nas eleições presidenciais anteriores", denunciou ainda. Assinalando que vai lutar e nunca ceder "à violação da democracia", Le Pen prometeu utilizar "todos os instrumentos legais" para poder concorrer às presidenciais e "impedir esta tentativa de pôr fim ao funcionamento democrático de França".
Na semana passada, o presidente do Chega, André Ventura, recusou apoiar Le Pen face à condenação de que foi alvo, ao contrário de outros líderes da extrema-direita europeia, e até comparou o caso com o do primeiro-ministro português, Luís Montenegro. Ventura considerou que, tanto num caso como no outro, "se têm de retirar as devidas consequências", afirmando que "não é pior" o caso de Le Pen do que o caso de Montenegro, embora tenha argumentando com o risco de "as inelegibilidades se tornarem uma forma de afastar opositores políticos" e que os tribunais não podem fazer "perseguição política".
A União Nacional organizou para este domingo uma manifestação em Paris de apoio à sua líder histórica Marine Le Pen, após a sua condenação por desvio de fundos europeus, que a tornou inelegível para cargos públicos durante cinco anos. A ação foi convocada pelo atual líder do partido, Jordan Bardella, que encorajou a extrema-direita a sair à rua para protestar contra a decisão judicial, que também condenou Le Pen a quatro anos de prisão (dois dos quais de pena efetiva, atenuados para uso de pulseira eletrónica).
Parte da oposição francesa classificou esta manifestação como um protesto contra a independência do poder judicial em França, um princípio que constitui um dos pilares da democracia. Nas vésperas do protesto, uma sondagem revelou que quase metade dos franceses (49%), um aumento de sete pontos percentuais num mês, quer que Marine Le Pen seja candidata às próximas eleições presidenciais, em 2027.
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O espaço lusófono não se pode resignar a ver uma das suas democracias ser corroída perante a total desatenção da opinião pública e inação da classe política.
O regresso de Ventura ao modo agressivo não é um episódio. É pensado e planeado e é o trilho de sobrevivência e eventual crescimento numa travessia que pode ser mais longa do que o antecipado. E que o desejado. Por isso, vai invocar muitos salazares até lá.
É muito evidente que hoje, em 2025, há mais terraplanistas, sim, pessoas que acreditam que a Terra é plana e não redonda, do que em 1925, por exemplo, ou bem lá para trás. O que os terraplanistas estão a fazer é basicamente dizer: eu não concordo com o facto de a terra ser redonda.