"Este semestre, e por período indefinido, as aulas são dadas via videochamada", explica professor de língua portuguesa na Universidade de Economia e Negócios Internacionais, em Pequim.
Ricardo Oliveira acorda todos os dias de madrugada em Braga para dar aulas de português a alunos do outro lado do mundo, na China, onde o surto de Covid-19 ditou o encerramento das escolas.
"Este semestre, e por período indefinido, as aulas são dadas via videochamada", explica à agência Lusa o professor de língua portuguesa na Universidade de Economia e Negócios Internacionais, situada no norte de Pequim.
O ensino é uma das principais ocupações para expatriados na China, mas milhares de professores estrangeiros foram aconselhados, no mês passado, pelas respetivas universidades e escolas, a voltarem aos seus países, numa altura de dúvidas face à propagação do novo coronavírus.
Vários estudantes e professores contactados pela Lusa dizem terem sido aconselhados a regressarem a casa por período indefinido. Professores chineses por toda a China estão ainda impedidos de se deslocarem, já que, por todo o país, estradas, aldeias e cidades foram bloqueadas.
Devido à diferença horária entre Portugal e a China, Ricardo, de 31 anos, acorda agora todos os dias de madrugada, para dar aulas através de um aplicativo de videochamadas chinês.
Os principais aplicativos chineses do género, Zoom e Dingtalk, estão disponíveis gratuitamente desde o início do surto, visando apoiar as empresas e escolas a retomarem a atividade 'online'.
"É mais suave de alguma forma", descreve. "Estás no conforto da tua casa, não tens que fazer deslocações, entras direto para o teu trabalho", conta.
No entanto, o processo tem também "algumas limitações", admite.
"Falta interatividade, não vejo a expressão dos alunos, e perco tempo com coisas pequenas: alunos que não conseguem ouvir bem ou não conseguem falar", conta.
Para os alunos na província de Hubei, o epicentro do surto e onde várias cidades foram colocadas em quarentena, com entradas e saídas bloqueadas, a falta de acesso à Internet é também frequente, à medida que as autoridades chinesas exercem maior vigilâncias sobre a rede.
"Nota-se que a Internet lá não está bem", diz Ricardo.
A decisão de encerrar escolas foi, entretanto, replicada por 13 países, à medida que o surto se alastrou mundialmente, interrompendo, no total, as aulas de 290,5 milhões de alunos em todo o mundo, um número sem precedentes, segundo a organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Para Chee Ng, professor de Psiquiatria da Universidade de Melbourne e autor de um artigo recente publicado pela revista científica The Lancet, sobre a necessidade urgente de prestar cuidados de saúde mental durante o surto, as crianças são um grupo "particularmente vulnerável".
"É importante consciencializar os pais e professores, para que eles possam identificar quando as crianças precisam de maior atenção", diz Chee Ng à Lusa, numa entrevista por telefone.
"Garantir que as crianças têm espaço suficiente para continuarem as suas atividades e assegurarem uma rotina normal é muito útil", aconselha.
O especialista afirma ainda que, caso as crianças coloquem questões sobre o surto ou o motivo de encerramento das escolas, pais e professores "precisam ser capazes de fornecer informações simples, mas também muito precisas".
Para os negócios situados junto a estabelecimentos de ensino o impacto é sobretudo financeiro.
Na confeitaria Comptoirs de France, em Pequim, os fins de tarde costumavam ser movimentados, à medida que os alunos da escola primária adjacente acorriam ali para comer éclairs, mil folhas ou muffins de chocolate.
O encerramento da escola significou um impacto adicional para as receitas da empresa, já fortemente afetada pela redução das vendas para hotéis ou companhias aéreas, outros dois setores fortemente atingidos pelo surto.
Alice Zhang, gerente do espaço, aponta para uma quebra das receitas em torno de 85%.
"Em breve, vamos todos perder o emprego", admite.
Coronavírus: aulas por video-chamada são a nova normalidade na China
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