Sábado – Pense por si

Cerca de 10 mil manifestantes em Bruxelas em solidariedade com migrantes

Na mira dos manifestantes está um projecto de lei em análise no parlamento que visa permitir que um juiz ordene, em última instância, uma visita ao lar de um particular para notificar um migrante de uma ordem para deixar o território.

Cerca de dez mil pessoas manifestaram-se este domingo em Bruxelas, capital da Bélgica, em solidariedade com os migrantes e para pedir ao governo uma política de migração "mais humana".

"Estamos apenas a pedir mais humanidade", disse um dos organizadores, Mehdi Kassou, e também porta-voz da "Plataforma Cidadã para a Recepção dos Refugiados", que tem organizado alojamento na Bélgica para milhares de cidadãos voluntários exilados, que não reúnem as condições para serem candidatos para asilo ou não têm solução de habitação.

Esta plataforma foi uma das dezenas de associações e Organizações Não Governamentais que marcharam no protesto, no qual marcaram também presença a Liga dos Direitos Humanos (LDH) ou os Médicos do Mundo da Bélgica.

"Se um segundo Calais não foi criado em Bruxelas, deve-se apenas aos cidadãos e não ao governo. Este governo é levado por uma identidade e um partido nacionalista, mas a oposição está a ficar mais forte", afirmou Alexis Deswaef, visando o N-VA (nacionalistas flamengos), pilar da coligação central, agora no poder.

A manifestação realizou-se no distrito da Estação do Norte e no Parque Maximiliano, o principal ponto de convergência em Bruxelas de centenas de migrantes - principalmente sudaneses e eritreus - em trânsito para o Reino Unido.

Na mira dos manifestantes está um projecto de lei em análise no parlamento que visa permitir que um juiz ordene, em última instância, uma visita ao lar de um particular para notificar um migrante de uma ordem para deixar o território.

O ministro das Relações Exteriores, Didier Reynders, do mesmo partido que o primeiro-ministro, sugeriu neste fim-de-semana que o projecto de lei seria alterado antes de ser debatido em plenário pelos membros do parlamento.

"Se há alguma dúvida, talvez devêssemos esclarecer que não há questionamentos sobre os anfitriões e quem fornece ajuda humanitária", afirmou Reynders, no sábado à noite.

"O governo talvez não queira criminalizar a solidariedade, mas quer puni-la com incursões e ataques policiais. Em vez de investir apenas em acções policiais, seria melhor investir na recepção e não apenas dizer que não há nenhuma solução política possível", contrapôs hoje Mehdi Kassou, porta-voz da "Plataforma Cidadã para a Recepção dos Refugiados".