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Argentina. Irá a Rosário de Messi tornar-se uma narcocidade?

Héctor Figueroa transportava um passageiro quando foi atingido por balas. Bruno Bussanich estava num posto de gasolina quando foi assassinado. Até ao momento já morreram na cidade de Rosário quatro pessoas. País atribui culpa aos “narcoterroristas”.

Escolas e postos de gasolina encerrados, circulação de transportes interrompida e a suspensão da recolha do lixo. Esta terça-feira (12), a cidade de Rosário, a terceira mais populosa da Argentina e o local onde nasceu Lionel Messi, acordou com a paralisação total dos serviços. O momento serviu de resposta aos quatro assassinatos a sangue frio que se registaram na última semana, e cuja culpa foi atribuída pela ministra da Defesa, Patricia Bullrich, aos "narcoterroristas".

REUTERS/Stringer

Foi este escalar de violência - que vitimou dois taxistas, um motorista de autocarro e um funcionário de uma bomba de gasolina - que levou a Associação dos Magistrados da província de Santa Fé a avançar com um pedido para que a cidade de Rosário interrompesse as suas atividades. Quer na educação ou nos transportes, a forma como os vários setores aderiram aos protestos foi avassaladora.

"Devido ao falecimento do nosso companheiro Marcos, no dia de amanhã, segunda-feira, não haverá atividades de transporte urbano e interurbano. Acompanhamos a família neste momento difícil", escreveu o sindicato de motoristas da cidade em resposta ao mais recente assassinato de Marcos Iván Daloia, de 38 anos, que morreu no passado domingo (10) depois de ter sido baleado com pelo menos três tiros enquanto trabalhava.

Mas Marcos não foi a única vítima. Um cenário idêntico ocorreu na passada terça-feira (5) com o taxista Héctor Figueroa, de 53 anos, que transportava um passageiro quando balas vindas do exterior o atingiram e lhe deram morte imediata. No dia seguinte foi a vez do taxista Diego Alejandro Celentano, de 32 anos, que acabou por morrer.

O mesmo aconteceu no sábado (9) com o funcionário de uma bomba de gasolina Bruno Nicolás Bussanich, de 25 anos, que foi assassinado a tiros, dentro de um posto de gasolina. Ao verificar os bolsos da vítima, a polícia encontrou a carteira com 38.560 pesos (cerca de dois mil euros) o que levou ao descartar da ideia de que o crime tinha como finalidade o roubo, disseram fontes ao site de notícias argentino Infobae.

A própria família de Lionel Messi também não se livrou desta onda de ataques. Embora não tenham sido registadas vítimas, o supermercado da família da mulher do argentino, Antonella Rocuzzo, foi atingido com 14 tiros durante a madrugada de quinta-feira, 2 de março. Os responsáveis deixaram ainda uma mensagem ao atual jogador do Inter Miami.

"Messi estamos à tua espera. Javkin é um narcotraficante, ele não te vai proteger", lia-se na mensagem que fazia referência ao presidente da Câmara de Rosário, Pablo Javkin.

O argentino não chegou a comentar o sucedido. Já o jogador do Benfica,Ángel Di María, mostrou-se preocupado com o atual estado da cidade onde também nasceu há 36 anos. "Pedimos paz para a cidade de Rosário", escreveu numa história do Instagram. 

O governo de Javier Milei já disse estar a fazer os possíveis para encontrar os responsáveis e para combater os "narcoterroristas".De acordo com o Infobae, o governo ofereceu 10 milhões de pesos (aproximadamente 544 mil euros) a quem fornecesse informações que levasse à detenção dos homicidas. Foi também autorizado o uso das Forças Armadas para apoiar a segurança interna da cidade. 

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