“Vamos ver quem se vai embora”, a guerra pela presidência da Geórgia aproxima-se
A instabilidade política na Geórgia tem-se vindo a intensificar ao longo do último mês, com protestos resultantes da decisão do governo do Sonho Georgiano de adiar e suspender a adesão do país à União Europeia.
Há cerca de um mês o primeiro-ministro georgiano, Irakli Kobakhidze, anunciou que o governo iria adiar o processo de adesão à União Europeia (UE) até 2028. Desde então Tbilisi, tem sido inundada de protestos de manifestantes a exigirem mudanças políticas significativas, nomeadamente novas eleições parlamentares. Cerca de 80% dos 3,8 milhões de habitantes da Geórgia apoiam a adesão à UE.
No entanto, a fé que preenche as ruas da capital poderá terminar no domingo quando a presidente pró-ocidental, Salome Zourabichvili, der as chaves do Palácio Orbeliani, a residência presidencial oficial, ao seu sucessor, Mikheil Kavelashvili. O antigo jogador de futebol tornado político de extrema-direita é apoiado pelo partido autoritário, Sonho Georgiano (SG), pró-Rússia e contra a adesão à UE.
Apesar do papel de presidente ser cerimonial, o facto de a atual ocupante do cargo ser pró-ocidente faz dela uma líder simbólica à oposição que insiste em não se demitir e considera o governo liderado pelo SG ilegítimo. Recentemente partilhou uma fotografia, das decorações na residência presidencial que incluía um comboio, com a legenda "Colocaram um comboio à frente do Palácio Orbeliani… vamos ver quem se vai embora".
Este comentário suscitou uma resposta do primeiro-ministro, que afirmou que Zourabichvili iria sofrer consequências legais se optasse por permanecer no cargo. "Vamos ver onde é que ela vai parar, se atrás das grades ou fora delas", disse numa conferência de imprensa, em Tbilisi, esta semana.
O partido que se encontra no poder desde 2012 foi fundado pelo multimilionário Bidzina Ivanishvili, que fez a sua fortuna na Rússia durante a década de 1990. A tensão política no país tem vindo a aumentar desde que o SG venceu as eleições parlamentares em outubro. Muitos acreditam que os resultados foram falsificados, e os observadores internacionais manifestaram preocupações quanto a casos de intimidação e compra de votos. A oposição, liderada por Zourabichvili, rejeitou o resultado da eleição e apelou à realização de novo sufrágio.
Desde o início dos protestos, vários embaixadores georgianos de alto nível já se demitiram e centenas de funcionários públicos e militares enviaram cartas de indignação, condenando a decisão. A posição da atual presidente é uma incógnita, mas domingo será possível confirmar quem realmente sairá do Palácio Orbeliani.
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