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"Vamos dar-lhes uma lição". Israel vai recusar vistos a funcionários da ONU

Diogo Barreto 25 de outubro de 2023 às 11:53

O embaixador israelita nas Nações Unidas pediu a demissão do secretário-geral da ONU por este ter, alegadamente, justificado o ataque do Hamas.

Israel vai recusar vistos a representantes das Nações Unidas, anunciou esta terça-feira embaixador israelita nas Nações Unidas em reação às declarações do secretário-geral da organização, António Guterres, sobre os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza.

REUTERS/Alet Pretorius

"Chegou a hora de lhes dar uma lição", disse Gilad Erdan, voltando a apelar que Guterres se demita do cargo que ocupa desde 2017. "A partir de agora, cada dia em que ele [Guterres] estiver neste edifício, a menos que peça desculpa, não há justificação para a existência deste edifício", afirmou o embaixador israelita que entende que a ONU foi criada para evitar atrocidades e que Guterres "justificou as atrocidades" cometidas contra os civis israelitas pelo Hamas a 7 de outubro.

Esta terça-feira Israel afirmou que ia reavaliar as relações com a ONU depois das declarações de Guterres em que o secretário-geral afirmou que os ataques do Hamas "não aconteceram do nada". "Definitivamente teremos de fazer uma avaliação sobre as nossas relações com a ONU. Estamos a reclamar há muito tempo", disse à Lusa o embaixador israelita junto da ONU, Gilad Erdan, em Nova Iorque, ao ser questionado sobre o futuro das relações entre Israel e as Nações Unidas após ter pedido que Guterres renuncie ao cargo.

Pouco antes, Erdan tinha pedido a Guterres para que se demitisse "imediatamente" de funções, acusando o líder da ONU de ser "parcial" em relação ao conflito em curso entre Israel e o Hamas, hostilidades que estão a desestabilizar fortemente a região do Médio Oriente.

O pedido de demissão de Guterres foi posteriormente apoiado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, que cancelou uma reunião agendada para terça com o secretário-geral da ONU.

Na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU dedicada ao conflito em curso no Médio Oriente, Guterres condenou os "atos de terror" e "sem precedentes" de 7 de outubro perpetrados pelo Hamas em Israel, mas admitiu ser "importante reconhecer" que os ataques do grupo islamita "não aconteceram do nada", frisando que o povo palestiniano "foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante".

"Viram as suas terras serem continuamente devoradas por colonatos e assoladas pela violência; a sua economia foi sufocada; as suas pessoas foram deslocadas e as suas casas demolidas. As suas esperanças de uma solução política para a sua situação têm vindo a desaparecer", prosseguiu Guterres, na mesma intervenção.

O líder da ONU sublinhou, porém, que "as queixas do povo palestiniano não podem justificar os terríveis ataques do Hamas", frisando ainda que "esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano".

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