Secções
Entrar

Trump afirma ter pedido diminuição da despistagem da covid-19

21 de junho de 2020 às 08:45

"Eis o lado mau: quando se faz este volume de testes, encontramos mais pessoas, mais casos", explicou Trump num comício em Tulsa.

O Presidente dos Estados Unidos declarou ter pedido às autoridades sanitárias para diminuírem o ritmo de despistagem da covid-19 devido ao aumento de casos diagnosticados no país, o mais atingido no mundo pela pandemia.

Sem deixar claro se falava à sério, Donald Trump disse aos apoiantes reunidos em Tulsa, no estado de Oklahoma, que a despistagem da doença era "uma faca de dois gumes".

"Eis o lado mau: quando se faz este volume de testes, encontramos mais pessoas, mais casos", explicou, durante o primeiro comício para retomar a campanha para a reeleição presidencial, organizado durante a epidemia nos Estados Unidos.

"Então disse à minha equipa para diminuir o ritmo da despistagem. Eles fazem testes e testes...", acrescentou Trump, cuja gestão da crise sanitária nos Estados Unidos é alvo de críticas de todos os quadrantes.

Sem se identificar, um responsável da Casa Branca indicou, de imediato, que o Presidente estava "evidentemente a brincar para denunciar a cobertura mediática absurda".

Seis membros da equipa de campanha de Trump receberam testes positivos para a covid-19 e foram colocados sob quarentena, algumas horas antes do início deste comício. Até aqui bastante poupado, o estado de Oklahoma regista agora um forte aumento de casos.

Os Estados Unidos são o país mais atingido pela covid-19, com mais de 2,2 milhões de casos e quase 120 mil mortos, numa população de 300 milhões de habitantes.

Na intervenção, Trump retomou os ataques contra o adversário democrata na corrida à Casa Branca, o antigo vice-Presidente Joe Biden, ao mesmo tempo que voltou a responsabilizar a China por não ter controlado a propagação do novo coronavírus.

Se Biden chegar ao poder, será "o fim dos Estados Unidos" já que estará "controlado pela esquerda radical", advertiu o candidato republicano.

O comício decorreu num estádio com capacidade para 19 mil pessoa e que a campanha de Trump tinha prometido encher. As imagens difundidas mostravam bancadas vazias.

Um outro evento previsto no exterior do recinto, em que devia participar também o vice-Presidente norte-americano, Mike Pence, foi cancelado horas antes devido à baixa afluência.

A data e o local escolhidos por Trump para este comício vieram aumentar as tensões raciais que se vivem nos Estados Unidos desde o homicídio do negro George Floyd às mãos de um polícia branco em Minneapolis, em finais de maio. Este homicídio desencadeou uma onda de protestos sem precedentes em todo o país.

Tulsa foi palco de um dos piores massacres de afro-americanos da história, quando em 1921 cerca de 300 negros foram assassinados por grupos brancos.

O comício de Trump estava inicialmente previsto para decorrer na sexta-feira, 19 de junho, data conhecida como "Juneteenth" e que comemora a abolição da escravatura nos Estados Unidos.

"Somos o partido de Abraham Lincoln e o partido da lei e da ordem", salientou Trump, numa referência ao Presidente republicano que apoiou a abolição da escravatura em plena guerra civil (1861-1865).

Sobre as manifestações generalizadas, que levaram ao derrube de várias estátuas e monumentos da Confederação, que integrou os estados do sul e esclavagistas que se rebelaram contra o resto do país, a União, o Presidente norte-americano acusou os manifestantes de serem "anarquistas e incendiários".

"Querem demolir a nossa herança (...) Devíamos ter legislação para prender durante um ano quem queimar a bandeira e a pisar", declarou.

Depois de Oklahoma, Trump tem previstos, nas próximas semanas, comícios na Florida, no Arizona e na Carolina do Norte, todos estados que podem decidir o resultado das eleições presidenciais de 3 de novembro.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela