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Mais de 5.000 mortos no sismo da Turquia e Síria. "Eles chamam e pedem 'salvem-nos'"

Ana Bela Ferreira 07 de fevereiro de 2023 às 08:40

Trabalhos de regaste no meio dos destroços prossegue contra o tempo, o frio e o cansaço. No terreno, os sobreviventes pedem comida e abrigo.

Mais de 24 horas depois do abalo que causou mais de 5.000 mortos na Turquia e na Síria, são as equipas de resgate que se mantém a trabalhar sem parar. Lutam contra o tempo, as condições atmosférias, as réplicas dos sismos e o cansaço.

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Foto: REUTERS/Firas Makdesi
Foto: REUTERS/Umit Bektas
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Foto: REUTERS/Umit Bektas
Foto: REUTERS/Firas Makdesi

Na cidade turca de Antakya, perto da fronteira com a Síria, onde edifícios de 10 andares ruíram, as equipas enfrentam temperaturas negativas, numa cidade sem energia elétrica, conforme testemunharam os jornalistas da Reuters.

Na Turquia e Síria, trabalha-se agora para retirar sobreviventes presos nos escombros depois do sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter ter arrasado cidades inteiras na madrugada de segunda-feira. Segundo as autoridades turcas a população atingida chega aos 13,5 milhões - num raio de 450 km de Adana a oeste até de Diyarbakir a leste; e de 300 km de Malatya no norte a Hatay no sul. Na Síria, a zona mais afetada vai até Hama, a 100 km do epicentro.

Na Turquia o sismo provocou a morte a, pelo menos, 3.419 pessoas, segundo os dados da Autoridade de Gestão de Desastres e Emergência (AFAD). Já na Síria morreram mais de 1.600 pessoas, de acordo com o governo e o serviço de resgate da área do norte ocupada por rebeldes.

Para quem está no terreno vivem-se momentos de desespero. Ouvem-se sobreviventes a pedir ajuda debaixo dos escombros, mas ninguém consegue chegar até eles. Um homem, na província turca de Hatay, no sul, contava que ninguém estava a ajudar. "Estamos devastados. Meu Deus... eles estão a chamar. Estão a dizer 'salvem-nos', mas não podemos salvá-los. Como vamos salvá-los? Não chegou ninguém desde a manhã."

As famílias de sobreviventes dormiram nos carros alinhados na rua.

Ayla conta que viajou de Hatay para Gaziantep (a cidade mais afetada) à procura da mãe. À sua frente um grupo de bombeiros de Istambul trabalha nas ruínas de um prédio de oito andares. "Ainda não encontraram sobreviventes. Um cão vadio veio e ladrou em direção a um ponto durante algum tempo, temi que fosse a minha mãe. Mas não era ninguém", conta.

A norte de Antakya, na cidade de Kahramanmaras, as famílias juntam-se à volta de fogueiras improvisadas nas ruas, para se tentarem manter quentes. "Mal conseguimos sair de casa", conta Neset Guler, enquanto aperta os quatro filhos. "A nossa situação é um desastre. Temos fome, sede. É miserrável."

O governo turco declarou "nível 4 de alarme", que permite a assistência internaiconal, mas não declarou estado de emergência, que teria mobilizado em massa as forças armadas.

Segundo a AFAD 5.775 edifícios foram destruídos pelo sismo e 20.426 pessoas ficaram feridas. Estão a trabalhar no resgate 13.740 profissionais e foram disponibilizadas mais de 41 mil tendas, 100 mil camas e 300 mil cobertores para a região afetada.

Até ao momento já se registaram mais de 280 réplicas. 

A intensidade
O abalo de 7,8 foi o mais forte registados pelos serviços norte-americanos desde agosto de 2021 em todo o mundo. E foi o mais mortífero a afetar a Turquia desde 1999, onde morreram mais de 17 mil pessoas.

O presidente turco, Tayyip Erdogan, que vai enfrentar eleições em maio, classificou o evento de desastre histórico e garantiu que as autoridades estão a fazer tudo o que é possível.

Já na Síria este abalo junta-se à devastação provocada por 11 anos de guerra civil. Na zona controlada pelos rebeldes, no nordeste, as mortes chegam às 740. Mas a proteção civil local adianta que centenas de famílias estarão presas no meio de edifícios colapsados.

"Cada segundo significa salvar vidas e apelamos a todas as organizações humanitárias que nos deem material e respondam a esta catástrofe urgentemente", apelou Raed al-Saleh, chefe da proteção civil.

No local, um responsável da ONU justificou que os danos nas infraestruturas e a falta de combustível estão a atrasar a resposta no terreno, mas garantiu que estavam a fazer tudo para chegar às pessoas que precisam.

Notícia atualizada às 09h53 com novos números de mortos e feridos.

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