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Parlamento de Israel "contra o princípio" da criação de um Estado palestiniano

Lusa 18 de julho de 2024 às 07:37

A resolução que nega a possibilidade da criação de um Estado palestiniano, apoiada pelos partidos da coligação de direita de Benjamin Netanyahu e por outros partidos da oposição com posições semelhantes, foi aprovada com 68 votos a favor e nove contra.

O parlamento israelita (Knesset) votou esta quinta-feira "contra o princípio" da criação de um Estado palestiniano, "a oeste da Jordânia", numa altura em há um debate crescente sobre o tema no mundo.

REUTERS/Ronen Zvulun

A resolução que nega a possibilidade da criação de um Estado palestiniano, apoiada pelos partidos da coligação de direita de Benjamin Netanyahu e por outros partidos da oposição com posições semelhantes, foi aprovada com 68 votos a favor e nove contra.

O partido de centro-direita Unidade Nacional, do antigo ministro do gabinete de Guerra Benny Gantz, agora na oposição, também votou a favor da resolução.

"A Unidade Nacional está empenhada, em qualquer cenário político futuro que surja, em preservar a identidade judaica e democrática do Estado de Israel e em insistir nos seus direitos históricos e interesses de segurança", de acordo com um comunicado desta formação política.

Os deputados do partido centrista Yesh Atid (There is a Future/ Há Futuro), do líder da oposição e antigo primeiro-ministro Yair Lapid, abandonaram o plenário do Knesset antes da votação para evitar apoiar a medida, apesar de a liderança se ter pronunciado a favor da solução de dois Estados.

Os únicos partidos que se mostraram a favor de um Estado palestiniano foram o Partido Trabalhista e os partidos árabes Ra'am e Hadash-Taal.

"O Knesset israelita opõe-se firmemente à criação de um Estado palestiniano a oeste da Jordânia. O estabelecimento de um Estado palestiniano no coração da Terra de Israel representará um perigo existencial para o Estado de Israel e para os seus cidadãos, perpetuará o conflito israelo-palestiniano e desestabilizará a região", assinala a resolução agora adotada.

"Será apenas uma questão de tempo até que o [movimento de resistência islâmica] Hamas tome conta do Estado palestiniano e o transforme numa base terrorista islâmica radical, em coordenação com o eixo liderado pelo Irão para eliminar o Estado de Israel", acrescenta.

A resolução considera que promover a ideia de um Estado palestiniano neste momento é "uma recompensa para o terrorismo e só vai encorajar o Hamas e apoiantes a verem isso como uma vitória graças ao massacre de 07 de outubro de 2023 e um prelúdio para a tomada do poder pelo Islão jihadista no Médio Oriente".

A resolução foi inicialmente proposta pelo partido de direita Nova Esperança - uma dissidência do Likud de Netanyahu - cujo líder, Guideon Saar, afirmou que tem como objetivo "expressar a oposição geral entre o povo israelita a um Estado palestiniano, que colocaria em risco a segurança e o futuro de Israel".

"É uma mensagem para a comunidade internacional de que a pressão para impor um Estado palestiniano a Israel é inútil", apontou.

A iniciativa avançou poucos dias antes da visita de Netanyahu aos Estados Unidos, onde vai estar numa sessão no Congresso, a 22 de julho, e se vai reunir com o Presidente norte-americano, Joe Biden, num encontro que poderá ser afetado depois de o líder norte-americano ter testado positivo para a covid-19.

Já em fevereiro, o Knesset aprovou uma resolução, proposta por Netanyahu, que rejeitava a criação de um Estado palestiniano, mas essa moção abordava especificamente a criação unilateral desse Estado, numa altura em que vários países disseram considerar reconhecer um Estado palestiniano na ausência de um acordo de paz com Israel.

Vários países reconheceram unilateralmente o Estado palestiniano este ano, motivados pela falta de uma solução diplomática para a guerra em Gaza: Barbados, Jamaica, Trindade e Tobago, Bahamas, Espanha, Irlanda, Noruega, Eslovénia e Arménia.

O reconhecimento conjunto de Espanha, Irlanda e Noruega, países da União Europeia, provocou indignação em Israel, que chamou os embaixadores nas respetivas nações para consultas e repreendeu os três representantes europeus.

No total, 145 países dos 193 Estados-membros da ONU reconhecem o Estado palestiniano, dos quais uma dezena pertence à UE.

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